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Católicos Contestatários Fazem Sugestões Aos Bispos
2001-10-09 09:37:29

Um conjunto de reivindicações, um manual de boas intenções e um punhado de sugestões marcam o texto conclusivo do "Sínodo do Povo de Deus", uma assembleia que se reuniu em Roma até domingo passado, ao mesmo tempo que decorria a primeira semana do Sínodo dos Bispos.

A reunião, onde participaram representantes de mais de 300 grupos católicos de todo o mundo, teve ontem o seu fecho final, com a divulgação das conclusões e do texto que foi entregue no Vaticano, domingo passado, dirigido aos quase 300 bispos e cardeais que estão reunidos na assembleia do Vaticano, até final do mês.

A propósito da liderança na Igreja, a "Mensagem ao Sínodo dos Bispos" diz que "não deve ser tolerada nenhuma forma de discriminação". O que significa que todos os lugares, "incluindo o sacerdócio, o episcopado e o papado devem ser abertos a todos os católicos baptizados, homens ou mulheres, casados ou solteiros, homossexuais ou heterossexuais, novos ou velhos, de todas as raças, etnias ou grupos linguísticos".

Mais à frente, o texto regressa ao mesmo assunto afirmando que se Deus é apresentado como masculino e feminino, negar a igualdade no acesso à liderança da Igreja "é uma forma de violência e uma limitação da imagem de Deus".

O texto afirma ainda que "o povo de Deus deve eleger os seus bispos e outros líderes" e que o papado não deve estar baseado no poder jurisdicional, mas na autoridade moral". O evangelho ensina que "a genuína liderança na Igreja é um serviço [do grego 'diakonia'] ao povo de Deus."

No documento, sugere-se que não deve haver repressão por causa da investigação ou da dissenção teológica e pede-se a reformulação da doutrina respeitante ao divórcio, à contracepção e ao acolhimento pleno dos homossexuais dentro da Igreja.

A actualidade internacional também merece referência no texto: os responsáveis da Igreja deveriam apelar aos líderes internacionais que "renunciem à guerra de retaliação contra o terrorismo", descobrindo caminhos não-violentos e recusando o militarismo e a guerra como instrumentos da política internacional.

Os responsáveis católicos devem também trabalhar para erradicar a pobreza, a discriminação, a intolerância ideológica e a pena de morte, ajudando ao mesmo tempo a promover uma cultura da vida, que inclua "a defesa do uso de preservativos para prevenir" a sida, bem como o acesso à contracepção e outros serviços de saúde reprodutiva.

O que os bispos devem fazer
Na "Mensagem ao Sínodo dos Bispos", os participantes do Sínodo do Povo de Deus dão várias sugestões sobre o que devem fazer os líderes católicos, dentro e fora da Igreja. Alguns excertos:

"Devemos comprometer-nos no sério diálogo inter-religioso, abandonando qualquer sentido de superioridade católica e acolhendo a intercomunhão ecuménica."

"Os responsáveis da Igreja devem centrar-se no fosso escandaloso que existe entre ricos e pobres do mundo, denunciando a globalização opressiva e os modelos económicos neo-liberais, defendendo os direitos dos trabalhadores, o cancelamento da dívida dos países pobres e a construção de uma ordem económica global democrática e justa. (...)

"Devem promover políticas conscienciosamente ecológicas, que mudem os comportamentos consumistas e de desperdício, e conservem os recursos mundiais para as gerações futuras. (...)

"O governo da Igreja não deve reivindicar o poder de um estado secular e, nas organizações internacionais a Igreja deve assumir o mesmo estatuto dos outros corpos religiosos."

Fonte Público

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