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Nova Iorque no coração de cada um de nós
2001-09-15 10:59:26

Nova Iorque no coração de cada um de nós

1. São 23h. e 25m de 13 de Setembro. Escuto no Canal 2 da RTP a reacção de crianças à tragédia ocorrida em 11 de Setembro:

“Não percebo por que é que eles fizeram aquelas maldades” ou “ Aquelas pessoas devem estar a sofrer muito”.

Uma criança entende sempre tudo! Porque entende, pergunto-me eu: como que é que os adultos serão capazes de ajudar as crianças a crescer, se as crianças descobrem que o diabo à solta nasce no mundo dos mais crescidos?


. Assinei ontem um texto enviado pela secção portuguesa da Pax Christi Internacional, em termos que exprimem o nosso estado de espírito:

A Pax Christi Internacional condena as macabras acções terroristas que ocorreram em Nova Iorque, Washington e na Pensilvânia, ontem, Terça-feira dia 11. Desejamos expressar as nossas mais sentidas condolências e pesar pelas vítimas e a nossa solidariedade com as famílias e amigos dos que faleceram ou foram feridos nos ataques de ontem. Tê-los-emos presentes nas nossas orações. Enviamos uma mensagem de solidariedade em especial aos membros da Pax Christi EUA cujas vidas foram pessoal e dramaticamente afectadas por esta tragédia.

A Pax Christi Internacional incita os líderes nos Estados Unidos e a nível internacional a reagirem racionalmente, com deliberação mais do que com pressa, sem retaliações, mas só com critérios do direito.
Encorajamos todas as pessoas a resistir ao apelo para uma escalada de violência, à pressão para encontrar um bode expiatório e à intensificação do ódio e dos preconceitos.

A Pax Christi Internacional apela à Comunidade Cristã Internacional que se mantenha em oração; que promova a paz, o perdão, a compaixão; que encoraje a reconciliação; que avance no diálogo, especialmente com a comunidade Islâmica nos EUA e no resto do mundo; e que ajude, onde quer que seja possível, à cicatrização da ferida dos EUA provocada por esta enorme catástrofe.

3. A muitos que se intitulam cristãos e a muitos outros que, nos seus critérios humanistas, se desmentem ao não consentirem se construa uma teoria e uma prática da Paz, fundada no Absoluto de Deus (pois, para eles, o absoluto é a espiral de vingança, a resposta nos mesmos ou piores termos, o patriotismo do discurso ou do escrito...) dedico estas passagens do Papa João Paulo II:

“Oremos
para que o mundo
não torne a ver um dia tão infeliz
como o de Hiroxima
Oremos, para que os homens
nunca ponham a sua confiança,
o seu cálculo e o seu prestígio
em armas tão nefastas e degradantes.
Oremos, para que todos concordem
e lealmente proscrevam a terrível arte
de as fabricar, multiplicar e conservar
para terror dos povos.
Oremos, para que o engenho mortífero
não tenha matado também a paz,
não tenha ferido para sempre
a honra da ciência e não tenha extinguido
a serenidade da vida na terra.”

“Deus dos nossos Pais, grande e misericordioso,
Senhor da paz e da vida, Pai de todos.
tens projectos da paz e não de aflição,
condena as guerras
e abates o orgulho dos violentos.
Enviaste o Teu Filho Jesus a anunciar a paz
aos vizinhos e aos afastados,
a reunir numa única família
os homens de todas as raças e de todas as tribos.
Escuta o grito unânime dos Teus filhos,
súplica angustiada de toda a humanidade:
nunca mais a guerra, aventura sem regresso,
nunca mais a guerra, espiral de luto e de violência;
ameaça para todas as criaturas,
no céu, na terra e no mar.
Unidos a Maria, Mãe de Jesus, mais uma vez
Te suplicamos: fala aos corações dos responsáveis
pelos destinos dos povos,
trava a lógica da réplica e da vingança,
com o Teu Espírito, inspira soluções novas,
gestos generosos e honrosos, espaços de diálogo
e de espera paciente, mais fecundos
que os prazos apressados da guerra.
Concede ao nosso tempo dias de paz.
Nunca mais a guerra”.

4. Michel Camdessus, economista francês, ex-director geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) e membro do Conselho Pontifício Justiça e Paz, escreve:

“Se não impedirmos o tráfico de armas e se não empreendermos uma acção séria de preservar a paz, não haverá desenvolvimento.
Quinhentos milhões de armas ligeiras são as que provocam uma quantidade de mortos que já apenas interessam à opinião pública internacional.
Estas armas têm a característica diabólica de serem utilizadas até por crianças”

O mundo dos adultos não pode dar lastro à edificação do terrorismo!

Lisboa, 14 de Setembro de 2001

D. Januário Torgal Mendes Ferreira
Bispo das Forças Armadas e Segurança


Fonte Ecclesia

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