paroquias.org
 

Notícias






Depois do fanatismo e da tragédia: justiça e paz
2001-09-13 19:54:28

Aconteceu tragédia no palco da vida, onde esta palpita forte, onde homens e mulheres se cruzam ao ritmo célere de todas as motivações.

Milhares de inocentes foram sacrificados, em nome de um fanatismo neste momento ainda sem rosto e sem responsáveis identificados.

A humanidade tremeu incrédula, em estado de choque, perante o desenrolar do drama.

O coração da dignidade da pessoa humana foi esventrado de uma maneira inimaginavelmente brutal.


Foram tomadas todas as providências que se impõem para auxílio dos feridos, resgate dos mortos e restabelecimento da normalidade nos locais afectados.

Tudo vai levar muito tempo, mas está ao alcance dos homens.

Mais problemático e difícil será, no entanto, normalizar consciências, reflexos e atitudes.

São inevitáveis as declarações que se vão produzindo e os apelos que se ouvem, ditados por sentimentos de profunda repulsa e de retaliação contra quem possa estar ou ter estado em relação com a autoria da tragédia.

As pessoas de bem clamam para que se faça justiça, investigando com todo o rigor e punindo exemplarmente os responsáveis, e concertando esforços efectivos para prevenir e suster o terrorismo.

Os governos e as organizações responsáveis não poderão, porém, incorrer no risco da injustiça de fazer mais inocentes pagar pelos culpados ou da generalização abusiva destes quanto à sua origem étnica ou credos religiosos.

Isso não faria mais do que disseminar mais sementes de violência que, perto ou longe, cedo ou tarde, germinam e matam.

É este perigo de uma grave injustiça no fazer justiça que é preciso evitar enquanto é tempo. A morte não é, nunca foi o caminho para nada.

A hora é dramaticamente difícil. Por isso, mais do que nunca é necessário saber conciliar a firmeza da luta contra o terror e a impunidade, com a fortaleza da serenidade.

A esta desordem internacional em que se misturam factores explosivos de fanatismo letal, indignidade humana, relativismo ético, globalização do terror e indiferença do sofrimento, saibamos ser capazes de responder com o mais elevado e rigoroso sentido de justiça, na esperança de uma total concertação no combate ao mal, ao mesmo tempo profundamente despertos para com o sofrimento humano que grassa no mundo.

Lisboa, 13 de Setembro de 2001
António Bagão Félix
Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz


Fonte Ecclesia

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia