paroquias.org
 

Notícias






Névoa não arrefece fé no banho santo
2001-08-25 23:17:04

O nevoeiro matinal não arrefeceu a fé dos devotos de S. Bartolomeu do Mar, no concelho de Esposende, mártir que, reza a crença popular, afasta medos, sustos, gaguez, tormentos de espírito e outros distúrbios psicológicos ou nervosos.

A tradição impõe certos rituais, como o banho santo, em que as criancinhas, especialmente, são mergulhadas em três ou nove ondas _ número sempre ímpar _ e, depois, de pinto (os locais dizem sempre "pito") preto ao colo, dão três voltas à igreja e passam sob o andor do patrono.
Ainda não eram 10 horas e mal se rompia, tão densa a multidão, na rua que leva à praia. Barracas com artigos de romaria e de feira estreitavam o caminho. Houve quem preferisse percorrer atalhos e, de caminho, provasse cenouras nas leiras. Pessoas, mantas, toalhas tapetavam a areia que a erosão marítima ainda não levou. A arriba é a pique e a maré viva chega lá. Um mar de gente e de crença.
José Ramiro de Abreu Brás, de branqueta (traje para apanha de algas) amarela é um dos três banheiros disponíveis para levar o gago, tímido ou espiritualmente perturbado a atravessar a onda. Tem 49 anos e é oficial no ritual desde os 18. "Desconfio que, quando a gente largar isto, não haverá quem continue", lamentou. "Chega cá gente de toda a parte. Até de Lisboa e Espanha. As festas ainda seriam mais grandiosas se os donos das leiras não exigissem tanto (dinheiro) pela instalação de diversões", contou.

Frangos
Na capoeira, havia muitas dezenas de galináceos de todos os tamanhos, pretos na maioria, alguns de cor perdiz, oferecidos por devotos e arrematados no fim da festa. De galos que dão arrozada para casa de família e podem valer sete contos a trémulos pintainhos que não rendem mais que algumas centenas de escudos.
Estrangeiros procuravam filmar a cor do medo perante aves apavoradas com tanta curiosidade. "As expectativas foram ultrapassadas. O dia, encostado ao fim-de-semana, terá contribuído para tamanha afluência", referiu António Lacerda de Sá, da comissão de festas.

Gente que chegou em excursões, gente nova com mais facilidade em expressar-se em Francês que em Português, gente com apetite dos diabos que, a meio da manhã, já se agarrava a farnéis ou abancava em tenda de petiscos.

Melões
Pelas redondezas, associava-se à festa a compra de utensílios (artesanais) familiares e agrícolas, pois aproxima-se o tempo das colheitas. Também a prova de frutos do meloal, especialmente o afamado casca-de-carvalho.
António Guimarães veio de Cambezes (Barcelos), carregado de melões e melancias. O quilo do melão rondava 500$00 e o da melancia oscilava entre 80 e 100 escudos. "O negócio vai assim-assim. Os produtos caseiros têm dificuldade em competir com os preços das grandes superfícies", considerou.

Fonte JN

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia