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Papa Bento XVI resigna a 28 de Fevereiro: "Sinto o peso do cargo"
2013-02-11 16:10:06

Líder da Igreja Católica confessa-se "sem forças" e vigor. Deixa as funções a 28 de Fevereiro. Porta-voz do Vaticano admite que saída é "surpresa" para todos.

O Papa Bento XVI anunciou nesta segunda-feira que resigna à liderança da Igreja Católica, por se sentir "sem forças" para desempenhar o cargo. A saída acontecerá a 28 de Fevereiro.

“Sinto o peso do cargo”, disse Bento XVI, para justificar a resignação, algo que não acontecia há quase seis séculos. O último Papa a resignar foi Gregório XII (pontificado de 1406-1415), para acabar com o grande cisma do Ocidente, que tinha chegado ao ponto em que havia três pretendentes.

“Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência perante Deus, cheguei à conclusão de que as minhas forças, devido a uma idade avançada, não são capazes de um adequado exercício do ministério de Pedro", disse o Papa, no discurso em que anunciou a sua surpreendente decisão.

“Por esta razão”, continuou Bento XVI, “e bem consciente da seriedade deste acto, com toda a liberdade declaro que renuncio”. A “28 de Fevereiro, às 20h, a Sé de Roma ficará vazia e um conclave para eleger o novo Sumo Pontífice será convocado pelos que para tal têm competência.”

"No mundo actual, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevância para a vida da Fé, para governar a barca de S. Pedro e anunciar o Evangelho é necessário também vigor, tanto do corpo como do espírito. Vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de forma que tenho de reconhecer a minha capacidade para exercer de boa forma o ministério que me foi encomendado", justificou o líder da Igreja Católica, que comunicou a sua decisão em latim, durante a canonização dos mártires de Otranto.

Igreja Católica em estado de "Sé Vacante"
A partir das 19h (hora de Lisboa) do próximo dia 28 de Fevereiro, a Igreja Católica fica em estado de "Sé Vacante", período que começa com a renúncia do Papa e durante o qual é feita a convocação do Conclave e a eleição do seu sucessor. Até que seja conhecido o nome do futuro Papa, a direcção da Igreja Católica fica sob a responsabilidade do Colégio Cardinalício ou Colégio dos Cardeais.

As condições para a resignação de um Papa estão previstas no Código de Direito Canónico, no cânone 332:

"Se acontecer que o Romano Pontífice renuncie ao cargo, para a validade requer-se que a renúncia seja feita livremente, e devidamente manifestada, mas não que seja aceite por alguém."

<b>Colaboradores "incrédulos"</b>
Em conferência de imprensa, o porta-voz do Vaticano admitiu que a decisão de Bento XVI apanhou todos de “surpresa” e revelou que mesmo os colaboradores mais próximos não sabiam. Ficaram "incrédulos", disse Federico Lombardi.

Lombardi afirmou ainda que Joseph Ratzinger não participará no conclave para eleger o seu sucessor, um encontro que só se deverá realizar em Março. “Devemos ter um novo Papa na Páscoa [31 de Março]”, acrescentou Lombardi.

Existia já alguma especulação sobre uma possível resignação do alemão Joseph Ratzinger, de 85 anos. No ano passado, Bento XVI tinha já dito que estava “na última etapa da vida”.

<b>Sucessão em aberto</b>
Para a sucessão de Ratzinger, há vários candidatos, mas nenhum favorito como quando o alemão sucedeu em 2005 a João Paulo II, destaca a agência Reuters.

A casa de apostas, no entanto, já lançaram a corrida, sugerindo nomes como o cardeal ganês Peter Turkson, o italiano Angelo Scola ou o canadiano Marc Ouellet.

Bento XVI, de 85 anos, foi o 265.º Papa e o sexto alemão a liderar a Igreja Católica.

Ratzinger tornou-se Papa em Abril de 2005. Os seus quase oito anos de pontificado ficaram marcados não apenas por um declínio na participação religiosa dos católicos, mas também por escândalos de abusos sexuais na Igreja Católica e ainda por casos polémicos no Vaticano, onde o Papa teria dificuldades para controlar a Cúria.

Federico Lombardi, porém, negou que a saída de Bento XVI esteja relacionada com outras razões que não a idade avançada. O porta-voz do Vaticano afirmou que nem as dificuldades do Papado, nem uma doença em particular justificaram a decisão tomada por Ratzinger nos últimos meses.

"O Papa sentiu as suas forças a diminuírem nestes últimos meses e reconheceu-o com lucidez", disse Lombardi.

Segundo porta-voz do Vaticano, o Papa vai retirar-se de imediato para a residência de Verão, em Castel Gandolfo, e mais tarde para um mosteiro no Vaticano.

por Maria João Guimarães , Victor Ferreira e Hugo Daniel Sousa

Fonte Público

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