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A santa que deu uma ajuda na derrota dos castelhanos
2001-08-14 14:02:39

A Festa de Santa Maria de Aguiar é a romaria mais importante e concorrida do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, apesar de ter apenas cariz religioso.


A santa começou a ser venerada há vários séculos, na sequência de uma preciosa ajuda às tropas portuguesas, nas batalhas que travaram com os espanhóis. O povo descreve essa ajuda em duas lendas. A primeira está relacionada com a grande batalha de Castelo Rodrigo, entre Castelhanos e Portugueses, travada em 1664, nos campos que rodeiam o convento do Real Mosteiro de Santa Maria de Aguiar.
Apesar de em maior número, os espanhóis foram derrotados. Tantos foram os mortos e feridos que a batalha ficou conhecida como a "Batalha da Salgadela". Segundo a lenda, a santa teve um papel preponderante na vitória lusa, já que recebia, num manto, as balas que os castelhanos disparavam, evitando que os portugueses fossem atingidos.

Aparar las balas
António Varela, responsável pela igreja, conta aos visitantes que um castelhano terá avistado Nossa Senhora e dito aos colegas "Mira, que anda Santa Capeluda a aparar las balas con un azafate".
Outra lenda tem como cenário a torre de Aguiar, situada nas proximidades do mosteiro. Ali habitava um castelão e a mulher. Um dia, quando foi caçar, apareceram os invasores castelhanos e, perante o perigo de ser levada, a mulher rezou a Nossa Senhora para que a protegesse. Terá, então, aparecido um cavalo, junto de uma das janelas da fortaleza, no qual a mulher pôde fugir para o convento.
As duas lendas significam, segundo o reitor de Figueira de Castelo Rodrigo, José Canário Martins, a grande devoção que os figueirenses sempre tiveram por Santa Maria Aguiar, incutida, durante anos, pelos monges que habitaram o convento.
Todos os anos se faz a festa a 15 de Agosto. Ao meio-dia há missa e, logo a seguir, sai a procissão, unicamente com o andor de Santa Maria de Aguiar, engalanado com flores e transportado por oito pessoas.
A procissão decorre, apenas, na zona do mosteiro e atravessa o Carvalhal. Uma densa mata, em que predominam os carvalhos, castanheiros e sobreiros muito antigos. Árvores, cujo corte, o cardeal-rei D. Henrique terá, outrora, proibido sob pena de excomunhão. Este parque é também iluminado no dia 14, à noite, altura que por lá passa a procissão das velas, apenas, com o andor de Santa Maria de Aguiar.
A romaria está associada, ainda, à tradição das merendas. É que, no dia 15 de Agosto, logo após a procissão, as famílias e amigos juntam-se, abrigados do sol de Agosto, pelas velhinhas árvores do Carvalhal e passam a tarde à volta de uma toalha estendida no chão, em que não faltam o presunto, as azeitonas e o vinho.
Uma tradição muito antiga que hoje em dia tem perdido importância. "A culpa é dos automóveis", adianta o reitor Canário Martins. Muitas das pessoas que assistem à festa religiosa regressam a casa de carro para almoçar, ou então, fazem-no em restaurantes. Depois voltam.
Depois das cerimónias religiosas, sobra, apenas, a actuação da banda filarmónica, à noite, na sede de concelho. Em complemento, mas organizado pela Câmara, realiza-se este ano um baile popular.

Fonte JN

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