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Homilia na eucaristia do Festival Jota
2009-07-28 10:53:59

1.A Eucaristia desta manhã de domingo centra o nosso Festival Jota, como centra o domingo e a semana de todos os cristãos e dá sentido aos acontecimentos e iniciativas da vida de todos nós.

O rumo certo, nesta hora, conduz-nos à Eucaristia. Celebrada no mesmo espaço, amplo e aberto, do Festival que para S. Jacinto guiou jovens de todo o país, a Eucaristia de hoje dá pleno sentido à festa da fé, da alegria, da esperança e da vida que aqui nos trouxe. Cristo está aqui e Ele faz a diferença.

Sabemos que Deus enche de bens todo o universo e dá beleza a todas as coisas. Celebramos o mistério mais santo da nossa fé neste ambiente deslumbrante da natureza, cheia de encanto e de harmonia, situada entre a ria e o mar.

A assembleia que aqui se congrega é cheia de juventude e marcada pelo testemunho de fé, de alegria e de generosidade de todos vós que fizestes destes dias e do tempo que os preparou uma verdadeira festa da fé .

Acompanham-nos, pela Rádio Renascença e pela Internet, irmãs e irmãos nossos a quem saudamos com particular afecto, com uma palavra de especial carinho dirigida aos doentes e aos que sofrem, sobretudo aos jovens e crianças a quem a doença surpreendeu prematuramente ou as provações da vida aprisionam e sacrificam.

2. Preparou-nos para este momento o trabalho generoso de muitos, a alegria contagiante de todos, o testemunho coerente de quantos dão à sua vida um sentido de fé, a reflexão oportuna dos que nos falaram, a música e arte de todas as horas e o convívio saudável destes dias. A palavra de Deus e os seus pensamentos foram surgindo ao ritmo do tempo.

A palavra de Deus fala-nos hoje pela voz do profeta Eliseu, de Paulo e de Jesus de Nazaré.

O profeta não guardou para si os pães de cevada e de trigo que lhe ofertaram, pão feito com os primeiros frutos da colheita. Deu-os à multidão para que esta se alimentasse. O pão foi repartido, a multidão comeu e ainda sobrou alimento.

É de prodígios semelhantes que nos fala o Evangelho. Uma grande multidão seguia Jesus, seduzida pelos milagres que ele realizava.
Mas Jesus partiu para a outra margem do lago. Sentou-se com os discípulos e partilhou com eles a preocupação pela multidão que se aproximava. É a Jesus que se pede o milagre mas é aos discípulos que pertence concretizá-lo.

No cálculo humano tudo é pouco para saciar a fome da multidão. Na contagem divina o pouco que existe torna-se o necessário e o bastante para ser repartido, alimentar e ainda sobrar.

Os milagres divinos iluminam os olhos humanos e dão valor às coisas multiplicadas e sentido à vida das pessoas e das multidões.

É deste mesmo valor e sentido que nos fala Paulo na Carta aos Efésios. Valor e sentido transformados em Cristo e no mistério e milagre da redenção que faz da Igreja na sua unidade e comunhão o lugar onde "há um só Corpo, um só Espírito, um só Senhor, uma só fé e um só baptismo" (Efésios, 4, 6).

É também nesta mesma Igreja por Jesus desejada e instituída que temos a Eucaristia, dom e milagre do amor maior de Deus pela humanidade e da presença sacramental de Jesus. A Eucaristia é alimento multiplicado e repartido para que todos tenham vida e a tenham em abundância.

3.Somos chamados a ser testemunhas destes milagres. Queremos ser discípulos e profetas, com um olhar rasgado pelos horizontes novos da humanidade, dando atenção à voz de Deus e alimentando de vida, de alegria, de fé, de esperança, de caridade e de verdade o nosso tempo.

Estamos reunidos em nome de Deus e convocados por Ele, para juntos procurarmos desvendar o futuro e partilhar dons e talentos que queremos colocar ao serviço do bem comum.

Queremos vencer o medo sentido pelos que pensam que têm pouco para repartir e receiam ficar sem nada. Partilhamos a alegria dos que desvendam o segredo de que quando se reparte o que temos contagiamos os outros para que não falte nada a ninguém.

É isso que nos foi oferecido ao longo destes dias. É isso que nos é pedido a partir de agora, vivendo com novo alento, ardor e entusiasmo a missão de sabermos repartir, distribuir e multiplicar os dons de Deus que aqui nos foram dados.

Todos desejamos um mundo melhor e uma Igreja renovada. Nem o mundo melhor é possível nem a Igreja renovada estará ao nosso alcance sem vós, caríssimos jovens.

Contamos convosco para serdes esta esperança multiplicada, onde um mundo melhor e uma Igreja renovada se alimentem, revigorem e fortaleçam. Cristo que vos mostrou o rumo certo que aqui vos trouxe e a Ele vos conduziu será sempre Aquele que dá sentido e valor à vossa vida.

"Faz-te ao largo", disse Jesus a Pedro e aos apóstolos. É hora de soltardes as amarras do medo e de vos fazerdes ao largo no oceano imenso da vida, com a afirmação dos valores da fé, da verdade, da coerência, da partilha e da generosidade, valores que fazem a diferença dos jovens cristãos e nos dizem que convosco o mundo será melhor e a Igreja renovar-se-á.

4. Hoje são muitos os campos de vida e os espaços de acção que esperam pelos jovens cristãos: a família, a escola, o trabalho, o lazer, o convívio, a comunidade cristã, o mundo associativo, cultural e político, o voluntariado, a procura da justiça e o serviço solidário aos que mais sofrem, entre tantos outros.

No horizonte da vida de cada um de vós jovens está igualmente inscrita a dimensão da procura, do chamamento e da vocação. A descoberta do rumo certo passa necessariamente por este tempo de silêncio acolhedor, de oração intensa, de diálogo aberto e de escuta atenta do que Deus quer de cada um de nós.
A vocação é sempre um desafio feito à liberdade da decisão e à coragem da doação. A vocação é sempre um desafio que deve ser vivido com alegria.

Só Cristo pode fazer a diferença, iluminar o caminho e desvendar segredos e sonhos de Deus. Só Ele é fonte de vida e horizonte de felicidade

Com Ele rezaremos diariamente: «Pai nosso que estais no céu, senta-te comigo junto ao palco da vida. Olhemos juntos as nossas vidas nesta juventude que nos preenche. Somos o teu reino vivo de esperança todos os dias. Faz da tua vontade a nossa, livra-nos do mal para nos deixares reflectir a beleza do teu rosto no mundo».

Com Ele cantamos nesta Eucaristia: «Aceita Senhor tantos jovens peregrinos do infinito, pois carregam nas suas veias a esperança como um hino. Aceita a melodia que lhes saiu da alma nestes dias como fonte de outro dia. Eles são construtores do presente com a seiva do futuro».

5. Que Nossa Senhora, Mãe de Jesus e nossa Mãe, que neste solo entre a ria e o mar, invocamos como Senhora das Areias, padroeira desta terra de S. Jacinto, nos ajude a ver mais longe e a vislumbrar horizontes onde se faça da vida uma festa da fé e se faça da fé e de cada Eucaristia uma festa da vida.

S. Jacinto, 26 de Julho de 2009

António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro

Fonte Ecclesia

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