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Igreja Católica quer "movimento de pedagogia social" para ajudar a ultrapassar dificuldades
2009-06-27 11:15:03

Os bispos católicos querem ver criado na sociedade portuguesa um "movimento de pedagogia social" que ajude "a mudar mentalidades", para ultrapassar os problemas colocados pela crise actual, anunciou hoje a Pastoral Social.


Este "movimento", que não terá uma estrutura centralizadora a dinamizá-lo, deverá, segundo os prelados que estiveram esta semana reunidos em Fátima em Jornadas Pastorais, ajudar "os cristãos a tomar posição", nomeadamente "evidenciar decisões contra-crise, indicadoras de um novo paradigma de vida".

A mobilização das instituições para "intervenções transversais, focadas no sentido da vida e criativas perante a escassez de recursos" ou o fomento da "comunhão e partilha" e da dispensa de atenção prioritária a "situações mais extremadas", como as dos sem-abrigo, deficientes, toxicodependentes, crianças abandonadas, idosos em solidão ou pessoas com precariedade de emprego, são algumas das intervenções que a Igreja Católica portuguesa quer ver concretizadas com o aparecimento do "movimento de pedagogia social".

Na apresentação hoje das conclusões das Jornadas Pastorais, que decorreram sob o lema "Pastoral sócio-caritativa: Novos problemas, novos caminhos de acção", o bispo D. Carlos Azevedo alertou para a necessidade desta mobilização "envolver todos", tendo em conta que "a crise vai agudizar-se nos próximos anos" e atingirá mesmo "quem até agora se sentia imune".

Segundo o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, tudo passa por "uma mudança de mentalidade" e "essa mudança deve acontecer em todos os cristãos".

"Os cristãos, que estão presentes na política, na cultura, na economia, têm de ser diferentes", defendeu.

E o apelo à partilha vai chegar aos próprios padres, para que, nas dioceses onde lhes é atribuído ordenado mensal, eles possam dispensar parte do seu vencimento para os mais pobres, à imagem do que está a acontecer em Espanha, onde 10 por cento do salário dos padres vai para a caridade.

Durante as jornadas, os bispos defenderam uma maior coordenação da actividade das instituições sociais da Igreja, com vista a um "trabalho em rede", passando pelos patamares nacional, diocesano e paroquial.

Por outro lado, reconheceram que "o exercício da missão da Igreja e a sua decorrente responsabilidade pública na construção do bem comum implicam a cooperação com o Estado, em campos como o da educação, da saúde, do apoio à família, sobretudo os mais carenciados".

No entanto, salvaguardam que essa cooperação deverá acontecer "no respeito pela clara identidade das instituições, que deverá sempre ser defendida e salvaguardada na sua matriz cristã".

Por fim, deixaram claro que a Pastoral Social "não é um mero suplemento das carências das políticas sociais do Estado", mas antes "a expressão da responsabilidade da missão da Igreja na sua integridade: evangelização, celebração e serviço de comunhão".

As jornadas que hoje terminaram seguiram-se ao simpósio realizado em Maio, em Lisboa, subordinado ao tema "Reinventar a solidariedade, em tempo de crise" e anteciparam a Semana Social a realizar em Aveiro, em Novembro, com o tema "Construção do bem comum - Responsabilidade da Pessoa, da Igreja e do Estado".

Durante os trabalhos, os bispos analisaram os dados de um estudo realizado pela Universidade Católica Portuguesa, que aponta que as instituições sociais da Igreja Católica dão resposta a mais de meio milhão de situações de carência e empregam mais de 23 mil pessoas.

JLG
Lusa/Fim

Fonte Expresso

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