paroquias.org
 

Notícias






Povo de Lanhelas já não suporta atitudes do padre
2001-08-06 15:41:31

"Já não há quem ature o padre". A frase é do presidente da Confraria das Almas de Lanhelas e pretende mostrar o estado de espírito da freguesia perante palavras e atitudes usadas por Daniel Magalhães, que ali é pároco vai para dez anos. Ao que parece, a Diocese de Viana do Castelo está a par da situação. Mas não comenta. Apenas vai aconselhando a olhar "para o lado humano da questão". Nada mais.


Acusado de usar "o púlpito para insultar quem vai às missas" (que terão perdido cerca de 80% de assistentes), o padre revelou, ontem, na missa das oito horas, o seu "mau feitio". Na homilia, o JN ouviu-o falar em "malandros e patifes" que "usam o capital de Lanhelas" porque há "palerminhas" que contribuem com dinheiro. A quem cabe as respectivas "carapuças" ficou por saber. O padre Daniel recusou-se a citar nomes aos poucos fiéis da missa matinal.
Não se coibiu, porém, a dar conselhos: o povo deve estar "atento", a fim de saber para "onde vai o capital". E no mesmo disto tudo, apelou à solidariedade para com os pobres.
No final da missa, as opiniões dividiram-se. Havia quem não tivesse achado piada a "mais insultos do padre" e quem dissesse, como foi o caso de Manuel Silva, nada "ter contra ele".

Vão-se embora
Ao JN, Daniel Magalhães só disse uma frase: "Não falo, não falo. Vão-se embora".
Quem já rompeu com Daniel Magalhães foi o sacristão. José Sequeiros, que ajudava na igreja há oito anos, apresentou a demissão. "Chamou-me sacristão de merda. Só porque me dou bem com toda a gente", afirmou.
Outros que estão de costas voltadas para o padre são os membros da Comissão Fabriqueira. Pelo menos assim o assegura José António Ramalhosa, o responsável pela Confraria das Almas. "Estou cheio disto. Isto não é religião nem é nada. O padre quer é tomar conta de tudo", desabafa, estranhando, também, que "prefira viver numa casa particular do que na residência paroquial".
A polémica com Daniel Magalhães avolumou-se há cerca de dois meses e meio. Para além das palavras fortes usadas nas homilias, o pároco de Lanhelas comprou uma guerra maior ao aconselhar a população a não dar dinheiro para as Festas de Seixas. Isto porque, ouviu o sacristão José Sequeiros da boca do padre, "as comissões de festas e confrarias são ladrões e judeus".
A contestação agravou-se mais ainda quando o pároco impediu as confrarias das Almas e da Senhora do Rosário de Lanhelas de realizar o peditório, durante as missas. Conta José Sequeiros que terá ordenado a retirada de cestas e retido as chaves da igreja habitualmente na posse do sacristão.
Mas há outros casos apontados pelo sacristão: Daniel Magalhães terá pedido a intervenção da GNR para expulsar da igreja um homem de Vilar de Mouros. "E ele nada estava a fazer", assegura José Sequeiros.
E foi precisamente Vilar de Mouros a terra onde o padre terá dito algumas palavras que não terão agradado à diocese. Nem à comunidade. Daniel Magalhães falou para a televisão sobre o festival de música, que ali ocorreu. E convidou "os bispos a tirarem a batina vermelha" e a irem até lá.

Fraco da cabeça
"Há sempre quem goste e quem não goste", disse ontem, à saída da missa, Maria Augusta, acrescentando que "ele não é assim tão mau"."Está um pouco fraco da cabeça e diz assim umas coisas pela boca fora", remata.
Contudo, não considera correcta a proibição das confrarias pedirem nas missas. "Toda a vida foi uma tradição da terra", sublinhou.
Alzira de Jesus, por seu lado, diz que o comportamento de Daniel Magalhães se deve à fadiga. "Ele presta assistência a três paróquias e quando se enerva diz aquilo que não devia dizer", afirma. E no seu entender, o padre só se "comporta assim quando atacam os diabetes. Fora disso, ele é bom".
Todavia, os exemplos do comportamento intempestivo do pároco não param. O presidente da Filamórnica de Lanhelas, António Rosas, recorda os "despropósitos" oratórios, no decorrer de uma festa na Serra d'Arga, na presença da Banda de Música de Lanhelas. Daniel Magalhães terá, então, aludido a "padres não castrados", "com tomates" e a "chifres", o que mais acentuou o clima de descontentamento.

É com os católicos
Joaquim Rodrigues, presidente da Junta de Lanhelas, ouvido sobre esta discórdia, afirmou que o padre "precisa de ser tratado", mas não pretende imiscuir-se no assunto: "É com os católicos!", adianta.
Mas nem todos apontam o dedo ao pároco. Carlos Alves, presidente da Junta de Vilar de Mouros, localidade onde ele também exerce o sacerdócio, elogia a colaboração prestada à autarquia nas autorizações e cedências de terrenos para arranjo da estrada junto à Igreja Paroquial e construção da casa mortuária, assim como aquando da mudança de local da capela de S. Brás.

Fonte JN

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia