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Seitas e igrejas evangélicas ganham cada vez mais adeptos
2009-03-17 22:40:05

A visita do Papa Bento XVI surge numa altura em que a hierarquia católica em Angola já não esconde a preocupação com o crescimento explosivo das seitas e igrejas evangélicas. A agência Reuters fez contas ao fenómeno e avança um número impressionante: desde 1992, quando o país abandonou o marxismo, o número de cultos praticados no país disparou de 50 para 900.

Só cerca de metade dos 16,5 milhões de habitantes de Angola são católicos e o fim da guerra civil, em 2002, possibilitou às pequenas igrejas avançar para o interior do país, ao encontro de comunidades onde uma mensagem mais imediata tem um apelo muito especial. A Igreja Uni-
versal do Reino de Deus já não consegue acomodar todos os seus fiéis no templo em Luanda e o mesmo acontece com a Igreja da Visão de Cristo, no Huambo, a província onde os evangelistas mais têm crescido nos últimos anos.
A Igreja Católica procura explicações e respostas para este fenómeno, que não é, sequer, exclusivo do país onde os portugueses e a cruz de Cristo chegaram há 500 anos. O núncio apostólico em Luanda, Angelo Becciu, assume, em declarações à agência Lusa, que a crescente penetração das seitas e igrejas evangélicas em Angola "é uma grande preocupação". E faz uma autocrítica: "Se há gente que abandona a Igreja Católica, significa que há qualquer coisa que não funciona na nossa Igreja".
Os caminhos apontados pelo embaixador da Santa Sé em Luanda passam por "descobrir uma imagem e um ambiente de maior fraternidade" e também pela inovação. Encontrar "novos caminhos para apresentar a palavra de Deus" permitirá que a Igreja seja "mais eficaz no encontro com a cultura e a mentalidade africanas", uma "sintonia" para a qual D. An-
gelo Becciu tem visto serem feitos "grandes esforços".
Como explicar então a popularidade das seitas e igrejas evangélicas? Com as "promessas vazias" das "seitas", como diz D. José Queiroz Alves, arcebispo do Huambo? Ou porque a população se sente atraída pelos "rituais intensos" e a "promessa de um fim imediato do sofrimento, num país onde a maioria da população ainda é pobre", na visão de Fátima Viegas, presidente do Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos e autora de livros sobre religião?
A Reuters ouviu estas visões mais críticas para os cultos recentes, mas também a voz optimista do cardeal angolano Alexandre do Nascimento: "O lado positivo deste fenómeno é que mostra que há uma sede crescente de Deus. Agora, os que estão sedentos têm de procurar a fonte certa, aquela onde não há água estragada".
A verdade é que a hierarquia católica angolana sabe que a visita papal pode gerar uma onda de entusiasmo junto da população. E, para intensificar essa mensagem, nada como estender a acção da Rádio Ecclesia a todo o território. Por nunca ter abdicado de ser uma voz independente, a única estação católica do país não conseguiu que o poder político autorizasse a sua expansão para lá da zona da capital, Luanda, onde, ainda assim, soma três milhões de ouvintes.
"A visita do Papa vai finalmente permitir-nos espalhar a palavra de Deus por todos os angolanos", disse à Reuters Maurício Camuto, líder da Ecclesia. Tem a palavra o Governo de José Eduardo dos Santos.

Fonte Público

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