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João Paulo II, o africano
2009-03-17 22:38:28

João Paulo II foi um Papa africano: fez 16 viagens ao continente, a primeira das quais ano e meio depois de ter sido eleito Papa. Bento XVI, mais preocupado com a crise do catolicismo europeu, só quatro anos depois da eleição (que se completam em Abril), irá fazer a sua primeira incursão em África. Mesmo enquanto cardeal, Joseph Ratzinger esteve no continente apenas em 1987, em Kinshasa.

Entre 2 e 12 de Maio de 1980, João Paulo II fez uma autêntica maratona para visitar o Zaire (agora República Democrática do Congo), Congo-Brazaville, Quénia, Gana, Alto Volta (hoje Burkina Faso) e Costa do Marfim. O programa, cheio, adequava-se então ao porte vigoroso do Papa que fora eleito com 58 anos e que, mesmo depois disso, continuava a fazer esqui e natação.
Para que o mundo não esquecesse o continente, João Paulo II fez, nos seus 26 anos e meio de pontificado, 16 viagens ao continente, visitando 42 países - poucos ficaram de fora. Depois de 1989, caído o Muro de Berlim e com o Ocidente voltado para o resto da Europa, João Paulo II insistia que África continuava à espera. Aos países ricos, pedia que perdoassem a dívida externa africana; aos africanos, insistia no fim das guerras e da corrupção e pedia mais democracia.
Era todo um continente submergido pela pobreza, a fome, guerras fratricidas, êxodos de milhões de refugiados, corrupção, graves problemas na assistência médica, a sida e a tuberculose a crescer, a malária por erradicar. A Igreja Católica, dizia João Paulo II em 1995, "não cessará de apelar às nações do mundo para que se mostrem concretamente solidárias para com um continente muitas vezes desfavorecido ao longo da história".
No ano anterior, o Papa Wojtyla convocara a primeira assembleia especial do Sínodo dos Bispos sobre África - a convocatória da segunda assembleia é o pretexto para o primeiro safari africano de Bento XVI. No documento que resultou do sínodo, João Paulo II lamentava que, "num mundo controlado pelos países ricos, a África [se tenha tornado] praticamente um apêndice sem importância, esquecido e abandonado por todos".

A.M.

Fonte Público

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