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Crise chegou aos "santinhos"
2008-10-13 23:15:18

Começam a aparecer os peregrinos para as celebrações da última aparição, mas os comerciantes de artigos religiosos, com casa aberta nas imediações do Santuário, levam as mãos à cabeça devido à crise.

A palavra "crise" entrou em força no vocabulário dos lojistas de Fátima que, em dia de começo de uma das principais peregrinações do ano ao Santuário, levam as mãos à cabeça, lamentando "significativas" quebras no negócio em 2008.

Logo ao início da manhã, muito antes da habitual hora de abertura do comércio, já muitos comerciantes de artigos religiosos com casa aberta nas imediações do Santuário procediam ao ritual de exposição em pleno passeio de uma variedade incalculável de produtos.

Desde imagens a terços, garrafinhas de água a postais, navalhas a cálices para bebidas espirituosas - tudo com a Virgem estampada -, passando por brinquedos, bonés e banquinhos para os menos resistentes que fazem questão de assistir às cerimónias religiosas, de tudo se tenta vender.

Porém, o negócio não corre de feição, uma constatação unânime entre os comerciantes. Ingleses e espanhóis são os que mais compram
Maria Emília, uma lojista de 73 anos, com mais de meio século de experiência na venda de "santinhos", é peremptória: "Isto está mau. A crise afectou muito o negócio, já desde o princípio do ano".

"Hoje, só vendo coisas até quatro e meio ou cinco euros. Os peregrinos já não levam imagens, que acham muito caras. Vão levando umas medalhinhas, uns terçozitos, mas coisas baratas", diz a septuagenária que, perante a crise, já tem muitos dias em que só vai abrir o estabelecimento depois de fazer a "lida da casa".

Também António Carreira, de 70 anos, com loja aberta há cerca de duas décadas, afiança: "vende-se menos, muito menos". "Noto uma quebra em quase tudo", acrescenta. Na mesma rua ao sul do recinto do Santuário, a uns metros de distância, Maria Eugénia, de 50 anos, expõe os artigos que tem para vender e não disfarça a preocupação quanto ao futuro.


"Olhe, este ano é um dos piores por que já passei em termos de negócio. Deve haver uma quebra de 25 por cento nas vendas. Não sei como vai ser daqui para a frente", diz a lojista, que há dez anos tem porta aberta ao público. A crise, que segundo os comerciantes é mais visível no peregrino português, também se faz sentir no visitante estrangeiro.

Se os ingleses e os espanhóis são os que mais vão comprando, os restantes "já regateiam muito, mesmo na língua deles", segundo Maria Emília.

"Lá compram uns postalitos e umas coisitas pequeninas, só como recordação, mais nada", acrescenta.Peregrinos optam por não pernoitar em Fátima Mas a crise também se nota, segundo esta veterana das vendas, na procura de emprego junto dos comerciantes. "Cada vez há mais gente a procurar emprego nas lojas, mas nós já só vamos admitindo alguém para os fins-de-semana, ou dias especiais...", diz.

Quanto aos hotéis, as contas ainda estão por fazer, pois muitas unidades têm contratos a longo prazo com agências de turismo religioso. No entanto, também neste capítulo, será no peregrino ou turista português que as contas finais deverão indicar as maiores diferenças relativamente a anos anteriores.

De acordo com as taxas de ocupação do estacionamento na cidade de Fátima, monitorizadas em dias de peregrinação pelas autoridades, tem-se vindo a verificar um fenómeno que, até há poucos anos, não se registava: cada vez mais peregrinos optam por não pernoitar em Fátima, assistem às cerimónias nocturnas e depois regressam a casa, voltando, quando é caso disso, no dia seguinte.

Outros, em vez de participarem em toda a peregrinação, acabam por assistir apenas às cerimónias de um dos dois dias.

Mas, se a crise é a razão de preocupação quotidiana entre os lojistas de Fátima, parece ser naquela palavra que radica a sua esperança quanto ao futuro do negócio: "quando as pessoas se vêem à rasca, agarram-se mais à fé e isso pode fazer com que venham mais e, mesmo comprando menos, sempre vão levando alguma coisa", admitem alguns.

Fonte Expresso

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