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Chegou a pensar ser católico, mas não é o Papa dos anglicanos
2008-07-17 22:17:45

Quando era estudante, Rowan Williams chegou a pensar tornar-se católico. Durante os próximos 20 dias, ele terá de usar todas as capacidades que lhe são reconhecidas para evitar o cisma que ameaça partir a meio os anglicanos. Mas Williams é apenas um primus inter pares e não tem autoridade sobre os 650 bispos que com ele participam na Conferência de Lambeth - não é como o Papa, na Igreja Católica.

Revestido da autoridade de primaz da Comunhão Anglicana e dos seus 77 milhões de crentes espalhados pelo mundo (os anglicanos são o terceiro maior grupo de cristãos, após os católicos e os ortodoxos), Rowan Williams é reconhecido como teólogo brilhante e homem profundamente espiritual. Quando foi eleito para o cargo, há seis anos, muitos consideraram que essas suas capacidades eram a última possibilidade de a Comunhão Anglicana se renovar e manter unida. Esta Conferência de Lambeth é um teste real à sua liderança.
Reconhecido apenas como líder espiritual, o arcebispo de Cantuária é obrigado a respeitar a autonomia das 38 "províncias" em que se divide a Comunhão Anglicana. Além disso, a Igreja de Inglaterra, a igreja-mãe dos anglicanos, vive ela própria uma profunda crise: dos cerca de 26 milhões de fiéis, apenas 1,7 milhões frequentam a eucaristia de domingo.
Não tendo poderes para impor uma qualquer decisão, Williams, nascido em 1950, terá que jogar tudo na sua capacidade de procurar consensos. Um bispo não identificado, ouvido pelo jornal The Guardian, dizia anteontem que a personalidade do 104º arcebispo de Cantuária não está talhada para conflitos diplomáticos. "Ele é um homem piedoso, mas fica a teorizar quando é preciso acção."
Será ele, afinal, o homem errado para enfrentar a crise? Williams gosta de consensos. Por isso, na semana passada, quando o sínodo (assembleia decisória) da Igreja de Inglaterra votou pela ordenação de mulheres bispo, o arcebispo, mesmo sendo favorável à decisão, estava com ar preocupado, mãos segurando a cabeça.
Na carta que dirigiu aos seus pares, convocando a Conferência de Lambeth, Rowan Williams escrevia: "A nossa Comunhão está a atravessar tempos muito difíceis e devemos estar cientes das divisões e conflitos que nos fizeram sofrer. Mas, como diz o Senhor, é na união com ele que podemos encontrar a paz." Resta saber se Williams conseguirá descobrir essa paz.
O arcebispo de Cantuária, Rowan Williams, terá que jogar tudo na sua capacidade de procurar consensos

António Marujo

Fonte Público

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