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Comissão propõe nova disciplina de religiões
2008-06-25 21:22:11

A Comissão de Liberdade Religiosa (CLR) vai propor ao Governo a criação de uma disciplina de história comparada das religiões para combater a ignorância dos portugueses em relação a esse tema. O anúncio foi feito ontem pelo presidente da CLR, Mário Soares, e foi o facto mais marcante do último dia do colóquio internacional sobre o papel das religiões para a paz.

Em resposta a propostas já defendidas pelo cardeal-patriarca de Lisboa e por António Reis, grão-mestre do Grande Oriente Lusitano, Mário Soares concordou na utilidade do estudo da história dos principais cultos. "É que, apesar de a maioria da população portuguesa ser católica, há uma enorme ignorância face às questões religiosas", constatou o antigo presidente da República. Para Mário Soares, é necessário conhecer a história das religiões, no que têm de bom e de mau, para "se poder digerir os factos e evitar erros do passado".

Antes da intervenção de Mário Soares, António Reis, que também é professor universitário e historiador, defendeu a criação de uma disciplina de História das Religiões na escola pública, mostrando-se preocupado com o crescente "analfabetismo" religioso na sociedade. "A história comparada das religiões deve ser ensinada na escola pública. Partilho a posição de Régis Debray no seu célebre relatório para o então ministro da Educação francês Jack Lang ao propor a introdução de uma disciplina de história comparada das religiões nos currículos oficiais", defendeu António Reis.

O líder maçónico sustentou ainda a ideia de que a laicidade não é património de ateus, agnósticos e não crentes e que a pertença a qualquer confissão religiosa não é antilaica. Definiu o Estado laico como um Estado neutro e "incompetente" em matéria religiosa que "não é crente, não é descrente, é acrente". António Reis rejeitou o papel de um Estado tutor das religiões, considerando inaceitável a proibição, por exemplo, do uso do véu islâmico nas escolas. "Não aceito que por meios impositivos se emancipem jovens contra a sua vontade ou consentimento. Nesse sentido, oponho-me a certas formas radicais do Estado laico, que levam à proibição de ostentar símbolos religiosos ou não religiosos porque é um direito que faz parte da liberdade religiosa. Nestes casos, proibir é tão grave como obrigar", disse.

Mais tarde, na sessão de encerramento do congresso, as palavras do professor universitário tiveram eco no discurso do ministro da Justiça. À semelhança do que o primeiro-ministro tinha defendido no dia anterior, Alberto Costa voltou a defender a independência do Estado em relação a todas as religiões, enquanto defensor da liberdade religiosa e da igualdade entre crentes. "É preciso que a laicidade se concretize, sem religiões mais amigas ou mais próximas ao Estado", alertou o ministro.

Fonte DN

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