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Crentes propõem um "G8" das religiões e António Costa anuncia apoio à criação de um museu judaico em Lisboa
2008-06-24 20:58:21

Um "G8" que congregue líderes religiosos, para promover a compreensão entre os povos, foi ontem sugerido por René Samuel Sirat, vice-presidente da Conferência dos Rabinos Europeus, durante o III colóquio da Comissão de Liberdade Religiosa (CLR), que hoje termina no Fórum Lisboa.

O rabino Sirat, uma das mais destacadas personalidades do judaísmo, já propôs a mesma ideia em outras duas assembleias inter-religiosas. Na última, em Janeiro, em Alexandria (Egipto), a ideia foi apoiada por unanimidade. Mas Sirat diz que há ainda muito caminho para andar.
No colóquio, surgiram várias ideias para que as religiões possam dar o seu contributo para a paz, tema do colóquio. Paulo Borges, presidente da União Budista Portuguesa, propôs que os líderes religiosos peregrinassem em conjunto a lugares importantes das diversas religiões. O patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, desafiou a CLR a desenvolver o estudo comparado das religiões.
António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, anunciou para breve a abertura da estação arqueológica da cidade muçulmana no Castelo de São Jorge. O apoio à criação de um museu judaico na capital é outra ideia para promover o diálogo inter-religioso.
Na sessão de abertura, José Sócrates afirmou que nas democracias a liberdade religiosa "não é um tema fácil nem está resolvido", nem tão-pouco é "um dado adquirido". Pediu, por isso, que os políticos se empenhem permanentemente na sua defesa.
Referindo-se ao modo como os políticos devem lidar com a religião, Sócrates citou o primeiro Presidente americano, George Washington: "Com delicadeza, gentileza e afecto." E disse que "nada há mais profundamente humano que a religião".
Para o primeiro-ministro, o Estado laico deve significar neutralidade perante as religiões, mas de modo a que todas tenham espaço para afirmar as suas crenças. "Neutralidade não significa o não reconhecimento do valor ético de todas as religiões", afirmou. "Acredito profundamente no contributo das religiões para a paz", um valor que, diz o primeiro-ministro, "tão esquecido tem andado na política internacional".
Ao abrir o colóquio, Mário Soares, presidente da CLR, professou a sua fé "nas virtudes do diálogo inter-religioso e entre crentes e não crentes". O cardeal-patriarca de Lisboa referiu-se ao "processo complexo" de construção da paz, que tem exigências éticas, políticas, económicas e religiosas. O contributo das religiões para a paz depende da "fidelidade dos crentes" aos princípios em que acreditam. Mas a "simples liberdade de consciência tem um longo caminho a percorrer".
Vassilios Tsirmpas, evangélico grego, acentuou a necessidade de pedir perdão pela arrogância que continua a marcar várias tradições religiosas.
O rabino René Samuel Sirat diz que ainda há muito caminho para andar até à criação de uma grande entidade multi-religiosa .

António Marujo

Fonte Público

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