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Padres devem saber competir na actual feira da comunicação
2008-05-05 00:19:01

Os padres dos dias de hoje devem saber competir na grande feira da comunicação onde a mensagem do Evangelho, transmitida por meio da pregação, está «arrumada a um canto» e não passa de um «produto de pequena dimensão ». Foi com esta metáfora que Arturo Merayo, decano da Faculdade de Ciências Sociais e da Comunicação de Múrcia (Espanha), desafiou o clero da Arquidiocese de Braga a apostar numa comunicação eficaz do Evangelho, no contexto do século XXI. O encontro reuniu mais de 150 pessoas, entre sacerdotes, diáconos e seminaristas.

O professor, que realizou uma intervenção da parte da manhã e outra da parte da tarde, deixou patente a necessidade de a Igreja em geral, e concretamente os sacerdotes como ministros da pregação, apostarem «com carinho » numa «boa apresentação formal do conteúdo».

Usando diversas metáforas e num estilo de apresentação vivo, o orador alertou para a necessidade de preparar «boas embalagens» que sejam capazes de «aguçar o apetite» para o conteúdo. Não adianta que o conteúdo seja muito bom e agradável, se a embalagem não for apelativa, assim como não se pode descurar que o conteúdo («caramelo», no dizer de Arturo Merayo) não seja bom e apetitoso.

O conferencista falava da necessidade de os sacerdotes estarem atentos à forma como passam a mensagem evangélica para o seu auditório. «Hoje em dia, ninguém suporta um padre a falar uma hora e meia, como acontecia nos tempos em que não existiam distracções para as pessoas».

Para que a mensagem seja compreensível a todos, o professor espanhol afirmou que é necessário estar desperto às «necessidades e motivações do auditório» que se tem pela frente, numa adaptação constante ao mundo real. E confidenciou, aclarando: «às gentes do século XXI só se chega pelo coração». Uma vez chegados ao coração, defendeu, também se pode chegar à cabeça, à razão.

Já da parte da tarde, Arturo Merayo deixou uma série de conselhos práticos e indicações úteis que os sacerdotes podem usar para conseguirem um discurso, uma pregação ou uma homilia mais eficaz.

Não hesitou em afirmar que a grande parte da eficácia de um discurso brota do esforço, do treino, da prática, da preparação. E, por isso, indicou que a disciplina de retórica deveria fazer parte do plano de formação dos seminários.

Nos conselhos práticos deixados aos presentes, o orador salientou a importância de planificar a mensagem de modo que possa resultar bem. Por isso, asseverou: «a homilia do domingo não se prepara no sábado anterior, mas começa a preparar-se na segunda- feira anterior»

O autor de “A eficácia persuasiva do comunicador” realçou a importância de preparar um «bom começo e um bom final». E ironizou: «pelo meio coloquem o que puderem » não descurando o momento inicial e final.

Sobre a fase da elaboração do texto o conferencista – que é casado e pai de dois filhos – referiu a importância da «preparação próxima e da preparação remota». Nesta segunda, deixou a sugestão para a elaboração de um ficheiro a partir das diversas leituras que cada uma vai fazendo.

Delimitar o objectivo da homilia com precisão, dedicar tempo à preparação remota e próxima de qualquer intervenção, ensaiar devidamente, estar atento à comunicação não verbal, colocar-se no lugar do auditório e a brevidade do discurso foram outros temas referidos pelo conferencista.

Em relação ao tempo da intervenção deixou bem claro que «o breve se é bom, é bom duas vezes». E, com isso, citando alguns documentos do Magistério, afirmou que a homilia não deve ultrapassar os dez minutos de duração. «Se for oito é ideal», afirmou.

Já a terminar, durante o período reservado ao debate e após uma questão sobre o modo de respirar, Arturo Merayo deixou a indicação da importância que tem para qualquer comunicador o uso do diafragma na respiração. E salientou que, além de evitar patologias, é um «excelente instrumento e uma boa técnica » para a transmissão eficaz de qualquer mensagem.

Nota também para um momento cultural, ao final da manhã, que constou da interpretação do Sermão da Sexagésima, do padre António Vieira, pelo actor António Fonseca, um nortenho que, de há uns anos para cá, reside em Lisboa.

Fonte Ecclesia

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