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Comunicação da Igreja através de seus sites diocesanos
2008-05-04 23:58:56

O site diocesano ideal não existe. Mas podem-se oferecer instrumentos para melhorá-lo. O professor Daniel Arasa (Barcelona, 1971) tenta fazer isso em seu livro «Church communications through diocesan websites. A model of analysis», (Comunicação da Igreja através dos websites diocesanos: um modelo de análise), publicado em inglês pela EDUSC (www.pusc.it).

Este professor da Pontifícia Universidade da Santa Cruz estudou nove dioceses do mundo: Bogotá (Colômbia), Joanesburgo (África do Sul), Los Angeles (USA), Madri (Espanha), Manila (Filipinas), Melbourne (Austrália), Cidade do México (México), Milão (Itália) e São Paulo (Brasil).
Sintetizando, os principais problemas dos sites diocesanos podem reduzir-se a dois, explica: «recursos e formação em comunicação».
Daniel Arasa coordena os estudos na Faculdade de Comunicação Institucional de sua universidade e é jornalista e doutor em comunicação.

–O que o impulsionou a realizar uma pesquisa sobre websites diocesanos?
–Arasa: Por um lado, a internet e o site em particular se converteram em instrumentos e âmbitos de comunicação essenciais. Creio que seja muito interessante conhecer o que a Igreja Católica faz ou pode fazer para comunicar esses âmbitos.
Poderia acrescentar que é hora de fazer ver que a comunicação da Igreja é digna de ser estudada desde um ponto de vista acadêmico e científico.
–O que é necessário para melhorar a presença da Igreja na internet?
–Arasa: Melhorar a comunicação digital da Igreja não é questão de voluntarismo. É necessário partir de uma análise e avaliação da realidade e das próprias capacidades, assim como de uma profissionalização das pessoas que se dedicam a isso.
Esta pesquisa não pretende dar um elenco prático de coisas a serem feitas e outras a serem evitadas: isso seria redutivo e de curto alcance. Ainda que certamente se deduzam opções particulares, pretende-se oferecer critérios para o planejamento, a gestão, a avaliação e a análise de iniciativas web.
Em outras palavras: trata-se daquelas dimensões que devem ser consideradas antes, durante e depois de qualquer projeto digital, assim como a atitude que está por trás destas iniciativas.
Neste sentido, penso que este estudo tem particular interesse para dois grupos de pessoas: em primeiro lugar, a comunidade acadêmica dedicada à pesquisa da comunicação institucional e da comunicação eletrônica; e, em segundo lugar, a todos aqueles responsáveis de comunicação da Igreja, desde os bispos até os diretores de escritórios de comunicação ou os webmasters.
–Que imagem da Igreja que os websites diocesanos apresentam?
–Arisa: Uma imagem certamente variada, mas por sua vez homogênea. É significativo encontrar em todas as páginas web diocesanas uma atenção muito particular ao Santo Padre e ao Vaticano.
A variedade se descobre na atenção à idiossincrasia de cada diocese e de seus agentes: há sites, por exemplo, que põem uma grande ênfase em aspectos devocionais (por exemplo, nas Filipinas); outros, ao contrário, enfatizam a informação sobre as paróquias e os sacerdotes (muito próprio de websites na America Latina); outros, a amplitude da documentação, etc.
–Pode nos dizer qual é a diocese católica com melhor website?
–Arasa: Eu gostaria de saber!... Não creio que seja possível responder a esta pergunta; cada diocese tem características próprias, circunstâncias específicas e exigências particulares muito ligadas ao território e à população.

São fatores que influem e determinam seus modos e instrumentos de comunicação e, portanto, também seus websites. Também, o mundo web é um mundo em constante movimento: o que era «bom» ontem, não é hoje. Por isso, não creio que seja possível dizer: esta ou aquela é a diocese com o melhor website.
Em todo caso, o que sim é possível, e com esta pesquisa tento fazer isso, é assinalar elementos positivos, casos de boas práticas que podem ser tomados como modelo por outros websites diocesanos.
–Mas você poderia citar algum exemplo?
–Arasa: Sim, muitos. A diocese de Los Angeles, por exemplo, é um modelo de compatibilidade e acessibilidade: oferecem numerosas possibilidades de baixar documentos e de torná-los compatíveis com PDAs. Levam em conta a mobilidade das pessoas que usam seu site, de maneira que facilitam que possam ouvir ou ler documentos de interesse ou acompanhar eventos com um leitor digital em seu computador, etc.
Outro exemplo positivo? A diocese de Milão, que é a maior da Europa, tem um website muito completo e atualizado; a de Madri, Espanha, que tem um grande serviço de notícias eclesiais; a de Melbourne, que está muito bem organizada, etc.

Certamente, podem encontrar-se também muitos pontos positivos em sites de outras dioceses que não estudei. Ainda que, supostamente, não totalmente positivo. Também há coisas que precisam ser melhoradas.
–Falemos dos aspectos melhoráveis, como os links que não funcionam, por exemplo...
–Arasa: Efetivamente, em alguns casos, é significativo o caso de links que não funcionam, problemas de navegação no interior dos sites (repetição de seções, incoerências, caracteres pequenos demais que dificultam a leitura, etc.), ou lentidão da interação (mensagens de correio eletrônico não respondidas, etc.).
Um aspecto no qual os sites diocesanos ficaram atrás é o da multimídia: está mudando, mas ainda há poucos serviços em áudio e quase nenhum de vídeo, quando a web oferece tantas possibilidades para isso. Apesar de ter muitas coisas positivas, o mundo web eclesial pode e deve aprender muito de outros âmbitos.
–De quem é a culpa destas negligências?
–Arasa: Os aspectos que ressaltei não têm intenção crítica. Entre as pessoas que encontrei, descobri um grande profissionalismo e preparação e, sobretudo, um enorme desejo de servir sua igreja local e a Igreja universal.
Sintetizando, os principais problemas podem ser reduzidos a dois: recursos e formação em comunicação.
Quanto ao primeiro, é evidente que as organizações eclesiais não podem competir com o âmbito comercial. Falta dinheiro e, portanto, recursos materiais e humanos. Contudo, uma maior atenção aos aspectos comunicativos, junto a um maior profissionalismo e criatividade, podem ser determinantes na melhoria dos websites.
O segundo aspecto, o da formação, está muito ligado ao primeiro. Grande parte do pessoal que trabalha nos «website teams» das dioceses tem uma alta ou média-alta formação em aspectos tecnológicos e gráficos, mas carece, na maior parte dos casos, de um background em comunicação.
–Em sua pesquisa, entrevistou numerosos jornalistas que cobrem a informação da Igreja. São muito críticos?
–Arasa: São mais de quarenta as entrevistas em profundidade que realizei com responsáveis no Vaticano e com jornalistas que informam sobre a Igreja. Obviamente, cada um tem uma visão pessoal, seus gostos, suas preferências e suas objeções.
Talvez o mais positivo seja que a grande maioria de jornalistas destacou uma notável melhora da comunicação da Igreja nos últimos anos, também no âmbito dos websites.

Junto a isso, os jornalistas opinam que os sites diocesanos não respondem a suas necessidades. Um exemplo concreto: muitos jornalistas desejariam ter documentos das homilias, as mensagens ou os comunicados antecipadamente para poder lançá-los logo depois de que estes se tornam públicos; muitas salas de comunicação não oferecem esta possibilidade, quando o uso do embargo é algo muito generalizado em outro tipo de comunicação como, por exemplo, a política.
Um jornalista profissional respeita sempre o embargo que é, por sua vez, um modo de facilitar seu trabalho.
Em todo caso, deve-se entender que nem sempre os objetivos de um comunicador institucional coincidem com os dos jornalistas. Creio que é normal encontrar motivos de discrepância entre eles.

Fonte Zenit

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