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21º Colóquio Europeu de Paróquias
2001-07-24 20:55:21

Decorreu de 8 a 13 de Julho, em Girona – Catalunha/Espanha, o 21º Colóquio Europeu de Paróquias, reunindo cerca de 230 participantes de doze países europeus que se empenharam numa reflexão e partilha de experiências sobre o tema: Europa e solidariedade: as dimensões sociais da fé cristã.


No final do encontro, os participantes realizaram uma peregrinação à abadia beneditina de Monserrat, onde foram colocadas aos pés da Virgem Maria, as seguintes conclusões:

Conclusões gerais do 21º Colóquio Europeu de Paróquias
Girona ( Catalunha/Espanha) – 8 a 13 de Julho de 2001.

«Europa e solidariedade: as dimensões sociais da fé cristã»


Europa e solidariedade
Constata-se que as questões sociais aparecem cada vez mais em termos comuns. A Europa torna-se um dos níveis pertinentes para propôr respostas. Estas respostas dizem respeito à paróquia, à sociedade democrática e à pessoa.

1. A paróquia
· Os acontecimentos sociais de hoje, como os de ontem e, com maior razão ainda, os de amanhã, modificam a estrutura da Igreja através da sua instituição paroquial: há novas maneiras de estar no mundo e novas maneiras de fazer a Igreja.

· A paróquia não existe para si mesma. Se ela se encarna como Jesus Cristo se encarnou no mundo, ela terá de ter em conta o contexto social e político que é, hoje, o seu: pode-se constatá-lo, por exemplo, nas concepções das relações entre a Igreja e o Estado.

· A paróquia é um lugar possível de enraizamento da fé, que convida a um empenhamento concreto para significar o amor de Deus pelos homens e mulheres deste tempo.

2. A sociedade democrática
· A democracia pluralista apela a colaborações para responder em conjunto – não apenas de maneira parcial mas também de maneira global – às situações encontradas nas sociedades para realizar a vida em comum, trabalhar por e para bem comum e dominar a violência.

· O lugar dos cristãos na sociedade faz que eles colaborem frequentemente com os responsáveis da vida política, social e cultural, quer nas instituições públicas quer nas privadas.

· A democracia impôs-se historicamente aos totalitarismos. Hoje, certos aspectos do seu funcionamento desvalorizam-na no seu conjunto, enquanto ela é a garantia da expressão de opinião de cada um.

3. A pessoa
· As diferenças devem ser apreciadas positivamente. Através delas, se reconhece uma comum humanidade que ultrapassa as distinções de sexo, de lugar de origem, de língua, de cultura, de origem social ou de religião.

· Cada ser humano possui uma riqueza que lhe é própria que o torna insubstituível. Cada um, deste modo, pode ser actor da sua vida.

· Aceitar as diferenças, é promover as iniciativas dos outros e a realização de cada um em vista de uma sociedade mais justa.


As dimensões sociais da fé cristã
Deus oferece o seu amor a todos. O Pai, pelo Filho e no Espírito, significa que tem necessidade dos homens e das mulheres para continuar esta obra no mundo. A fé cristã, que tem a sua fonte no acontecimento pascal, dá sentido, respostas e uma esperança em vista do advento do Reino de Deus, como cumprimento da Criação no amor. A fé cristã é pessoal, comunitária, eclesial, caritativa, social, missionária e ministerial. Ela irradia pelo mundo através das vicissitudes da história pelo testemunho, vida espiritual e serviço do Homem.

1. O testemunho
· A libertação do Homem, como dom de Deus, realiza-se nos actos concretos de libertação de tudo o que entrava o Homem.

· Esta libertação convida os homens e mulheres a serem eles mesmos os actores da solidariedade. Esta solidariedade não se manifesta unicamente em relação aos outros membros da comunidade cristã, mas como solidariedade com o conjunto da humanidade e da Criação.

· Esta solidariedade convida a ser realizada até à «comunhão» plena, como sinal e sacramento da união de Deus e do Homem.

2. A vida espiritual
· A celebração cristã significa a proximidade de Deus com o homem, como sinal de solidariedade efectiva e actual de Deus com o Homem sofredor.

· Esta força é-nos oferecida por Deus para o desenvolvimento da solidariedade dos homens entre eles e possibilitar a unidade do Homem.

· Os acontecimentos da vida devem alimentar a fé e a sua expressão litúrgica deve inspirar a nossa vida como realização concreta do amor.

3. O serviço do Homem
· O exercício da solidariedade torna possível a experiência de Deus na vida. Deste modo Deus pode dar-Se a conhecer aos homens.
· Pelo acolhimento incondicional de cada pessoa e de cada grupo, tais como eles são, como Jesus testemunhou durante a sua vida terrena, os homens e as mulheres continuam a obra de Deus.

· A promoção da caridade e da solidariedade, da justiça e da paz, supõe um serviço isento de toda a vontade de dominação a fim de partilhar as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias do Homem.

Abertura
O Colóquio Europeu de Paróquias lembra que as comunidades paroquiais tornam visíveis, através dos seus membros e das suas actividades, o primado da dignidade da pessoa humana, a atenção aos pobres, o exercício do poder como serviço, o respeito do adversário e do inimigo, a abertura ao universalismo tal como uma realização da partilha e do destino universal dos bens.

«O jejum que me agrada é este: libertar os que foram presos injustamente, livrá-los do jugo que levam às costas, pôr em liberdade os oprimidos, quebrar toda a espécie de opressão, repartir o teu pão com os esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus e não desprezar o teu irmão. Então, a tua luz surgirá como a aurora, e as tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se. A tua justiça irá à tua frente, e a glória do Senhor atrá de ti» (Isaías 58, 6-8).

«Já te foi revelado, ó homem, o que é bom, o que o Senhor requer de ti: nada mais do que praticares a justiça, amares a lealdade e andares humildemente diante do teu Deus» (Miqueias 6, 8).

Girona, 12 de Julho de 2001.

Fonte Ecclesia

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