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Viver a fé e perseverar no testemunho - Intenção Geral do Papa para o mês de OUTUBRO
2007-10-08 16:45:32

Que os cristãos que se encontram em situação de minoria tenham a força e a coragem de viver a fé e de perseverar em testemunhá-la. [Intenção Geral do Papa para o mês de OUTUBRO]

1. Cristãos em situação de minoria

Vivendo num país pleno de símbolos cristãos, podendo frequentar livremente as igrejas e organizar festas e procissões religiosas, podendo ser crentes ou ateus sem medo de represálias... pode parecer-nos longínqua e estranha a Intenção deste mês. No entanto, mesmo na maior parte dos países da nossa velha e «cristianizada» Europa, os cristãos constituem cada vez mais uma minoria chamada a testemunhar a sua fé num contexto de indiferença, quando não de hostilidade «socialmente correcta». Mas situação imensamente mais difícil é aquela vivida por comunidades cristãs em países onde não existe liberdade religiosa ou onde a esmagadora maioria da população é praticante de outra religião. Nestes casos, ser cristão requer uma particular coragem, mesmo física, e, por vezes, uma fé disposta a ir até ao martírio.


2. Belém, na Palestina

No Médio Oriente, a situação das comunidades cristãs (em muitos casos, anteriores ao aparecimento do islão), tem vindo a tornar-se cada vez mais difícil, estando muitas delas a ponto de desaparecer – Paquistão, Irão, Iraque, Turquia, Líbano, Palestina, Egipto são exemplos de locais onde ser cristão é cada vez mais difícil, devido ao radicalismo islâmico crescente e a uma cada vez mais evidente intolerância para com os cidadãos e as comunidades de fé cristã.

Tomemos o exemplo de Belém, onde nasceu Jesus. Esta cidade da Palestina já contou com uma maioria de cristãos. No entanto, desde que a Autoridade Palestiniana tomou o controlo da cidade, tal situação inverteu-se drasticamente, em poucos anos. Primeiro, devido a medidas administrativas: expansão dos limites do município, de modo a incluir mais 30 000 muçulmanos; depois, os beduínos muçulmanos que viviam nas proximidades foram incorporados no município de Belém; de seguida, foram criados incentivos para que muçulmanos de Hebrón emigrassem para Belém; as famílias cristãs locais, por seu lado, começaram a ser vítimas de violências e expropriação de terras... Em poucos anos, foi possível proceder à «islamização» de Belém, no meio do silêncio das organizações de defesa dos direitos humanos e da imprensa internacional. Muitos cristãos, por seu lado, acabaram por emigrar e, hoje, a população cristã de Belém é uma minoria em risco de desaparecer...

A atenção internacional para a situação dos cristãos no Médio Oriente começa agora a despertar lentamente. Em muitos casos, porém, será tarde demais e o desaparecimento de comunidades cristãs cujas origens se perdem nos primeiros tempos do cristianismo parece irreversível. E, infelizmente, a Igreja universal não está isenta de alguma responsabilidade nesta situação. Ocupada a lidar diplomaticamente com os regimes árabes, nem sempre foi ágil nas palavras e em gestos concretos de auxílio a estas comunidades cristãs e de denúncia das arbitrariedades a que estão sujeitas.


3. Viver a fé e perseverar em testemunhá-la

Lamentamo-nos, por vezes, considerando como é difícil ser cristão no mundo de hoje. E quando assim falamos, estamos a pensar no «nosso» mundo, isto é, no nosso ambiente... Não rejeitando o que há de verdade nessa percepção das dificuldades, convém olharmos para o mundo mais vasto, onde tantos cristãos são perseguidos, maltratados e, muitas vezes, levados ao martírio, por causa da sua fé. Tomemos esses cristãos e as suas comunidades como exemplos vivos para nós. Mais do que aos mártires dos primeiros séculos do cristianismo, tenhamos verdadeira «devoção» a estes mártires nossos contemporâneos: devoção no sentido de lhes dedicarmos a nossa oração de intercessão e também a nossa acção pública, pressionando governos e Organizações Não Governamentais para agirem em defesa dos seus direitos e na protecção da sua vida.

Não deixemos cair no esquecimento estes nossos irmãos, testemunhas de Cristo e do seu Evangelho no meio das maiores dificuldades. É isso que eles esperam de nós, como irmãos na fé e discípulos do mesmo Cristo. E nós devemos-lhes isso, como sinal da nossa gratidão por nos mostrarem, dia-a-dia, o que significa, verdadeiramente, sofrer por Cristo e pelo seu Evangelho – a nós que, do meio do nosso bem-estar e da nossa liberdade, raramente ousamos levantar a voz para anunciar o cristianismo e defender a Igreja, e não raro estamos prontos a juntar-nos a quem a calunia.

Elias Couto

Fonte Ecclesia

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