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Vaticano diz que só na Igreja Católica subsiste Igreja cristã, criando polémica com protestantes
2007-07-11 22:57:29

O Vaticano publicou ontem um documento em que reafirma que a única comunidade em que "subsiste" a Igreja de Cristo é a Igreja Católica. O documento foi já criticado por vários responsáveis protestantes.

Publicado pela Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), presidida pelo então cardeal Joseph Ratzinger até à sua eleição para Papa, em Abril de 2005, o texto pretende "dar com clareza a genuína interpretação de algumas afirmações" do magistério católico sobre a concepção de Igreja. A CDF quer "que o correcto debate teológico não seja induzido em erro, por motivos de ambiguidade".
São cinco as perguntas a que o curto documento (disponível em http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20070629_responsa-quaestiones_po.html) pretende responder: o Concílio Vaticano II mudou ou não a doutrina da Igreja? Como entender a afirmação de que a Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica? Porque se diz "subsiste na", e não simplesmente "é"? Porque é que as Igrejas ortodoxas são consideradas "igrejas" pela Santa Sé? E porque não são as comunidades protestantes consideradas "igrejas"?
Ao responder a esta última pergunta, diz o texto que essas comunidades não têm a "sucessão apostólica" - ou seja, os seus pastores não são ordenados por bispos, por sua vez sagrados por antecessores que, recuando sucessivamente, remontam ao tempo dos primeiros apóstolos. Além disso, as igrejas protestantes não têm "sacerdócio sacramental" nem "conservam a genuína e íntegra" concepção da eucaristia - razões, considera o Vaticano, para que não sejam chamadas igrejas.
Quem não gostou de ler foram os protestantes. O bispo da Igreja Evangélica Alemã, Wolfgang Huber, disse à Reuters que o documento minimiza as comunidades saídas da Reforma e que torna as relações ecuménicas mais difíceis. A Federação Protestante de França escreveu, em comunicado, que apesar de ser um texto interno da Igreja Católica, o documento terá "repercussões externas".
Em Setembro de 2000, antes de se iniciar em Lisboa o encontro ecuménico e inter-religioso promovido pela Comunidade de Santo Egídio, o cardeal Ratzinger assinou o documento Dominus Iesus, em que definia exactamente que a Igreja Católica era a única onde subsistia a Igreja cristã. O texto foi muito mal recebido pelos diversos responsáveis e por vários participantes, que o consideraram um balde de água fria no já de si difícil diálogo ecuménico com a Igreja Católica.

António Marujo

Fonte Público

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