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O desafio de renovar os laços entre duas pessoas
2001-07-22 11:50:21

Uma vez por mês, a igreja da paróquia de S. Miguel, em Sintra, recebe um grupo diferente. Chegam aos pares, de mão dada, abraçados ou apenas ao lado um do outro, mas sempre dois a dois. "Laços" é um espaço de partilha e discussão para namorados, noivos e casados que, em conjunto, conversam sobre as suas relações.

A ideia é original e partiu do sacerdote da paróquia, o padre Carlos Jorge, que queria preparar os namorados para o casamento com mais antecedência. Afinal, aquele seria "o dia mais importante das suas vidas" e merecia que lhe fosse dada a importância devida. O grupo foi crescendo e decidiu-se abrir as portas aos casados, que já tinham "começado a fazer o caminho" e que podiam dar o seu testemunho, mas também ouvir outras histórias.

"Foi um renovar do casamento", afirmam, com um sorriso, Ernestina e Avelino, casados há 46 anos. O casal mais antigo do grupo nunca teve uma discussão. Ambos garantem que tudo se resume a uma coisa: "Muito amor." Os jovens ouvem esta e outras experiências com atenção. Falam do futuro, daquilo que gostam mais um no outro, de como se conheceram, do dia em que decidiram casar...

Naquelas duas horas é proibido falar do trabalho, da casa e até dos problemas dos filhos. Os sentimentos falam mais alto e todos os pormenores são contados com emoção e, por vezes, algumas lágrimas que teimam em aparecer. "É uma conversa de risco", dizem alguns, porque o casal tem oportunidade de dialogar sobre tudo, mesmo as coisas que não estão bem.

O clima, no entanto, é de alegria. Neste dia há um jogo, onde cada um tem de responder a perguntas sobre o outro e mostrar que conhece os gostos e os hábitos do companheiro. Se alguns têm os 20 valores, outros chegam à conclusão de que não sabem sequer o prato preferido do "mais que tudo", eventualmente porque qualquer coisa serve, desde que estejam juntos.

Não falta sequer um pequeno lanche - constituído por guloseimas preparadas por algumas mãos mais dotadas para a cozinha -, que os espera no final da reunião. Uma vela de três chamas permanece acesa no centro da roda de discussão e simboliza cada um daqueles casais. "Eu, Tu e o Outro", que pode ser um filho, ou Deus, que está sempre presente nas conversas.

Juntando-se há pouco mais de seis meses, os "Laços" contam com 23 casais, que se consideram já como uma grande família. Carinho que se vê quando todos ficam contentes com a novidade de mais uma criança que vai nascer ou com o casamento de um dos casais que se realizará no dia seguinte. "É um dar e receber que partilhamos com a comunidade", afirma Vítor, casado com Tina.

A falar de coisas sérias ou triviais, o importante é estarem um com o outro e conversarem sobre a vida a dois. Se puderem saber como os outros já ultrapassaram os mesmos problemas e continuam felizes, ainda melhor. O balanço das conversas é bastante positivo. "Só temos pena dos casais que não têm a coragem de aceitar este verdadeiro desafio." O convite fica feito.

Fonte DN

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