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Fátima: O amor duma Mãe - Homilia do Cardeal Angelo Sodano na Eucaristia de encerramento da Peregrinação Internacional Aniversária a Fátima
2007-05-16 23:16:35

Amados Irmãos e Irmãs no Senhor,
Noventa anos se passaram daquele dia 13 de Maio de 1917" quando Maria Santíssima pousou o seu olhar sobre este lindo ângulo de Portugal, a Cova da Iria, aparecendo a Lúcia dos Santos, Francisco e Jacinta Marto a fim de lhes confiar uma mensagem para o mundo inteiro.


Os três pastorinhos andavam entretidos a apascentar o rebanho, quando um intenso relâmpago os surpreendeu: vêem então sobre uma azinheira uma Senhora lindíssima, que lhes pede oração e penitência para acabar com a guerra então em curso e valer ao mundo inteiro nas suas necessidades.

Assim começou aquela epopeia mariana que iria prolongar-se por cinco meses até ao dia 13 de Outubro daquele mesmo ano e que havia em seguida de impor-se ao mundo como é típico das obras de Deus.

Sim! Fátima triunfou da incredulidade do mundo, da oposição das autoridades e da reserva da Igreja. Com razão, o saudoso Cardeal Cerejeira, Patriarca de Lisboa, pôde afirmar: «Não foi a Igreja que impôs Fátima, mas Fátima que se impôs à Igreja».


1. A atitude da Igreja

Bem depressa o Bispo de Leiria se uniu às orações dos fiéis neste lugar, guiando multidões de peregrinos que se sentiam atraídos pela mensagem de Maria e pelos sinais extraordinários que a acompanhavam.

Aqui Pio XII de venerada memória enviou, no termo da Segunda Guerra Mundial, o Cardeal Bento Aloisi Masella para coroar, em seu nome, a estátua da Virgem Mãe; era o dia 13 de Maio de 1946. Encontravam-se presentes 600.000 fiéis, quando uma coroa de ouro foi colocada sobre a cabeça desta veneranda imagem de Maria.

Já antes, num momento trágico daquele Conflito Mundial, a 13 de Outubro de 1942, o mesmo Sumo Pontífice consagrara o mundo inteiro ao Coração Imaculado de Maria.

Mais tarde, por ocasião do cinquentenário das aparições, a 13 de Maio de 1967, o Papa Paulo VI de venerada memória quis vir como peregrino a este Santuário. E, por fim, quem não recorda a profunda devoção do saudoso Papa João Paulo II a Nossa Senhora de Fátima?


2. A entrega a Maria

No dia 13 de Maio de 1982, ele viera a este belo Santuário agradecer a Nossa Senhora por ter escapado ao perigo de morte em que estivera depois do atentado. Aqui, o Papa do "Tatus Tuus" fez um solene acto de entrega e consagração da humanidade a Maria, que todos bem recordamos. O mesmo acto seria por ele mesmo repetido mais tarde na Praça de São Pedro no Vaticano, a 25 de Março de 1984, em união espiritual com todos os Bispos do mundo.


Com voz forte e solene, o Pastor da Igreja universal colocava no Coração de Maria os destinos dos homens e das nações, movido por uma grande preocupação com a sorte terrena e eterna deles.

qui voltou o Servo de Deus João Paulo II mais duas vezes; em 1991 e no ano 2000. E hoje está presente aqui o Papa Bento XVI, que quis enviar-me para o representar nesta solene ocorrência. Ele encontra-se agora no Brasil, no grande Santuário de Nossa Senhora Aparecida, e une-se ao nosso canto das glórias de Maria.

As nossas aclamações se elevam hoje, como um arco sobre as praias opostas do Atlântico que nos une aos nossos irmãos no Brasil, todos irmanados no mesmo desejo de nos entregarmos ao Coração Imaculado de Maria acolhendo-nos à sua materna intercessão.


3. A maternidade de Maria

Queridos peregrinos, o Evangelho de hoje abre-nos o coração à esperança ao recordar-nos a cena pungente do Calvário em que Jesus, do alto da Cruz, diz ao discípulo amado: «Eis a tua Mãe» (Jo 14,27).

A partir daí a Mãe de Deus tomou-se a Mãe do homem. Desde aquele momento teve início a maternidade espiritual de Maria, o mistério da sua maternidade universal, que se traduz - como toda a maternidade - em amor e solicitude pela vida de cada filho.

E a Branca Senhora - como a apresentavam aquelas crianças simples de 7 a 10 anos de idade - demonstrou por elas uma predilecção particular, sinal da sua amorosa preferência pelos pequeninos, os pobres e os doentes. A Mãe de Deus demonstrava assim que era também verdadeira Mãe do homem.


4. A mensagem de Maria

Completam-se hoje 90 anos das aparições aqui na Cova da Iria e nós queremos pedir a Maria que mostre uma vez mais toda a sua solicitude materna pelos homens e mulheres do nosso tempo, às vezes tentados a esquecerem Deus para se prostrarem diante do "vitelo de ouro" das fatuidades da terra. Maria sabe que está em risco a salvação eterna dos seus filhos e, por isso, repete o apelo de Jesus: «Arrependei-vos e acreditai no Evangelho» (Me 1, 15). A mensagem de Jesus toma-se assim a mensagem de Maria. É um apelo forte e decidido como aquele que só uma mãe sabe fazer a seus filhos nos momentos importantes da sua vida.

A Maria fomos entregues por seu Filho na cruz, quando Lhe disse no transe da agonia: «Mulher, eis o teu filho»; e, desde aquele momento, o seu coração de Mãe ficou aberto para nós; como aberto ficara o coração do Filho trespassado pela lança do soldado. Dois corações abertos por um mesmo amor pelo homem e o mundo.


5. A nossa oração

Hoje sentimos necessidade de nos dirigirmos a Ela com a invocação dum conhecido hino da liturgia: «Monstra te esse Matrem». Ó Maria, mostrai-nos que sois Mãe!

Os nossos dias deixam-nos a impressão de que muitos se afastam da casa do Pai. Nós aqui unimo-nos em súplica ao redor da Mãe, para que ilumine as suas consciências e faça regressar os filhos pródigos à casa do Pai. Uma menção particular Lhe fazemos dos filhos que vivem na Europa, tentada a esquecer aquela fé que fez a sua força no decorrer dos séculos. Nos nossos países, está em curso uma apostasia sub-reptícia, que não pode deixar-nos indiferentes. Ao Imaculado Coração de Maria, entregamos hoje os destinos dos homens e dos povos do nosso Continente, enquanto nos comprometemos a colocar novamente no coração da nossa sociedade aquele fermento do Evangelho que permeara a sua história ao longo dos séculos.

Para se conseguir tão nobre finalidade, prometemos a Maria todo o nosso empenho para sermos «o sal da terra e a luz do mundo». Com a nossa oração, o nosso trabalho e o nosso testemunho cristão, havemos de corresponder ao apelo de Maria e assim favorecer a difusão do Evangelho de Cristo no mundo actual.

De facto: nós acreditamos - como diz o Concílio Vaticano II, na Gaudium et Spes n.o 10 - que «a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontram em [ ... ] Cristo, o mesmo ontem, hoje e para sempre». Amen.

Fonte Ecclesia

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