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Catequese de miúdos
2007-04-18 22:41:58

A assembleia da Conferência Episcopal portuguesa decorre até quinta-feira, com vários aspectos ligados à formação dos cristãos em agenda. A formação dos padres e dos leigos, os modos de transmissão da fé e a reformulação dos catecismos para crianças são alguns dos debates desta assembleia da Primavera. Os bispos discutem ainda o conteúdo de dois documentos: um na área da doutrina social da Igreja, outro sobre o escutismo, que este ano assinala o centenário da sua criação. Também as novas propostas pedagógicas da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica estarão em debate.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Jorge Ortiga, manifestou ontem as suas reservas relativamente à nova lei que regulamenta o aborto, garantindo que a Igreja continua a considerá-la "injusta". "Não será o novo contexto legal que enfraquecerá" a hierarquia católica no "prosseguimento desta luta", disse. Falando em Fátima, na abertura da assembleia plenária da CEP, o arcebispo de Braga acrescentou: "O enquadramento jurídico da lei não se limita a despenalizar o aborto, mas faz desta prática um direito, uma conduta legal e, por isso, passível da colaboração activa do Estado."
"A Igreja continuará fiel à sua missão de anúncio do evangelho da vida em plenitude e de denúncia dos atentados contra a vida", afirmou o bispo, na sua intervenção de abertura dos trabalhos. "É nosso dever continuar a insistir, positivamente, no valor da vida." E, numa afirmação que se dirige implicitamente a católicos que militaram pelo campo do "sim" no referendo, acrescentou: "A consciência de todos os cristãos e das pessoas que dão primazia ao direito à vida não poderá nunca resignar-se a aceitar esta lei. Até porque em democracia não há leis intocáveis e irreversíveis. Na tarefa de formar consciências, prosseguiremos na proclamação dum direito negado aos mais vulneráveis seres humanos."
O presidente da Conferência Episcopal lamentou ainda que "se tenham gorado as possibilidades de limitar as injustiças que a lei encerra". Numa crítica dirigida especialmente ao Partido Socialista, afirmou: "Ao contrário do que foi proclamado durante a campanha por muitos partidários do "sim" (alguns deles com notórias responsabilidades legislativas e governativas) a legislação aprovada não contempla um sistema de aconselhamento obrigatório que, sem negar a liberdade de opção da mulher, pudesse funcionar como elemento dissuasor."
O arcebispo de Braga não tem dúvidas de que, "caso existissem alternativas válidas, a maioria das mulheres não optaria pelo aborto". Daí que, perante o novo quadro legal aprovado em Março e promulgado na semana passada pelo Presidente da República, a atitude dos bispos, garante o presidente da CEP, é "a de lutar pela formação das consciências e pela mudança de mentalidades, que limite o mais possível o recurso a esta lei".
A hierarquia católica, afirmou ainda, procurará acompanhar a concretização da lei, através da atenção "aos (poucos) limites legais à prática do aborto". No mesmo sentido sublinhou "a necessidade de garantir o direito fundamental à objecção de consciência, que não pode acarretar para quem o exerce forma alguma de discriminação ou prejuízo na carreira profissional". D. Jorge promete uma "acção redobrada de todas as comunidades cristãs, no apoio solidário às mulheres grávidas e às famílias com dificuldades em assumir a maternidade", como resposta "à banalização do recurso ao aborto" e o apoio a "todas as medidas de apoio à maternidade".
Por seu turno, o bispo do Porto considerou ontem, em declarações aos jornalistas nas Jornadas de Teologia que decorrem até amanhã no Porto, que há uma "precipitação tecnológica" que "pode matar a vida". Segundo a agência Lusa, D. Manuel Clemente disse que há uma certa tentativa ética de que as coisas se justificam, porque simplesmente se podem fazer, sendo este um grande problema que se põe à humanidade.

António Marujo


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