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Cardeal português avalia João Paulo II
2007-04-03 22:14:26

A beatificação de um Papa tem privilégios únicos. Na segunda-feira, quando o processo de João Paulo II entrar na Congregação da Causa dos Santos - o último passo para que seja proclamado beato - o Papa Wojtyla já leva muito tempo de avanço em relação a outros candidatos. Segundo a legislação da Santa Sé, os dossiês de candidaturas a beatos só podem começar cinco anos depois do falecimento.

Cerca de um mês após a morte do seu antecessor (a 2 de Abril de 2005), Bento XVI deu luz verde para a abertura do processo. Logo no dia em que se celebraram as exéquias do Papa polaco, milhares de fiéis davam a conhecer à Cúria Romana terem recebido “graças” por intercessão de Karol Wojtyla, enquanto na Praça de S. Pedro, por entre os três milhões de peregrinos que se concentravam para homenagear o Papa defunto, se erguiam centenas de cartazes a exigir: «Santo subito». Um pedido que teve resultados.
Agora a Congregação (o equivalente a um ministério) da Causa dos Santos, dirigida pelo cardeal português José Saraiva Martins, vai ter de estudar milhares de páginas de um dossiê que, durante dois anos, foi compilado pelas dioceses de Roma e de Cracóvia, local de nascimento de João Paulo II, como exige Roma.
Ao todo são mais de 100 mil escritos inéditos como correspondência privada, além de discursos e textos oficiais enquanto líder dos católicos. Mas, claro, os chamado «presunti» milagres também integram todo o trabalho realizado nestes dois últimos anos. Muitas pessoas foram ouvidas para dar o testemunho de alegados milagres obtidos através do Papa polaco. Da documentação que o cardeal Saraiva Martins receberá constam também um sem-número de testemunhos relatando o que Roma designa de ‘virtudes heróicas’ - os actos do candidato que possam ser considerados fundamentais para a sua beatificação.
Em finais de 2005, Roma recebia a informação de que uma freira francesa, vítima de Parkinson, tinha ficado inexplicavelmente curada exactamente dois meses após a morte de João Paulo II. O padre Slawomir Oder, postulador da Causa de Beatificação e Canonização do Papa polaco, deslocou-se a França em finais de 2005 para se encontrar com o médico da religiosa. Cientificamente, não se conseguiu explicar a sua cura. Para que uma pessoa seja beatificada, o Código de Direito Canónico exige um milagre, uma cura não explicada pela ciência médica. E para poder ser proclamado santo - o degrau acima da beatificação - terá de ser confirmada uma segunda prova miraculosa.
O ministério dirigido por Saraiva Martins tem em mãos uma difícil tarefa. Primeiro, reunir a opinião do comité de médicos (70) que trabalha para o Vaticano, para avaliarem a veracidade do milagre. Por outro lado, teólogos, juristas e historiadores terão de analisar cada texto, cada papel, cada discurso deixado por Wojtyla, além dos testemunhos sobre a sua vida, antes e depois da sua eleição papal, em 1978.
O cardeal Saraiva Martins tem pela frente uma tarefa árdua: analisar a vida do Papa peregrino - visitou 127 países. Mas o gabinete do cardeal não tem prazo para anunciar o novo beato.

Mário Robalo e Monica Contreras

Fonte Expresso

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