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Igreja Continua Preocupada com Problemas dos Imigrantes
2001-07-18 13:45:02

A Igreja Católica ainda está preocupada com as condições de trabalho e de habitação de muitos imigrantes que vivem em Portugal. "Essas dificuldades continuam e não podemos ficar apenas pelos cursos de português para os imigrantes de Leste", diz ao PÚBLICO o padre Rui Pedro, director da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM).



Este responsável falava a propósito do encontro de directores dos secretariados diocesanos para as migrações, que ontem terminou nos arredores de Lisboa, e do 1º Fórum dos Cristãos sobre a Imigração, que hoje decorre na Universidade Católica. Ideias comuns às duas iniciativas: a reestruturação interna dos serviços da Igreja de apoio a imigrantes e a sensibilização das estruturas católicas para parcerias com outras instituições da sociedade civil.

"Temos um excelente esquema de apoio aos emigrantes portugueses no estrangeiro, mas aqui ainda não sabemos bem trabalhar de um modo mais eficaz com os imigrantes", diz Rui Pedro. Mesmo assim, já há muita coisa feita por estruturas católicas, comenta: capelanias (para os ucranianos, cabo-verdianos ou ingleses), centros de acolhimento a imigrantes ou o Serviço Jesuíta aos Refugiados, dedicado a este sector específico.

O encontro dos responsáveis dos secretariados das dioceses católicas - pela primeira vez, estavam todos reunidos, incluindo Angra e Funchal -, tentou dar resposta ao apelo da recente nota pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Nesse documento de Junho, os bispos pediam a reorganização e revitalização deste serviço concreto em todas as dioceses. Os directores diocesanos prometem essa reorganização num prazo de dois anos, tendo em conta que em alguns casos o secretariado estava praticamente desactivado.

"Esperemos que os bispos criem condições para que os secretariados funcionem", diz o responsável nacional da OCPM, para quem este sector da acção da Igreja ainda precisa de "adquirir cidadania" dentro da estrututra eclesiástica. Em declarações à Lusa, D. Januário Torgal Ferreira, que preside à Comissão Episcopal das Migrações - em cujo âmbito decorrem ambas as iniciativas - também admitiu que é preciso "falar menos e trabalhar muito mais", usando "bom senso, sem demagogia".

D. Januário aponta também a correcção de alguns erros como uma tarefa importante não só para a Igreja, mas para o resto do país: "as filas intermináveis de imigrantes" no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a venda de contratos de trabalho e outras situações irregulares que os imigrantes enfrentam.

O encontro dos secretariados diocesanos contou com a presença de representantes de associações de imigrantes (Casa do Brasil), de associações de defesa (SOS Racismo), sindicatos (CGTP), além das estruturas católicas já envolvidas no terreno. O fórum de hoje, pelo contrário, mesmo sendo aberto, destina-se essencialmente a cristãos, com o objectivo de debater uma "acção concertada" ao nível da OCPM e das estruturas diocesanas, congregando esforços e estratégias no apoio aos imigrantes.

Outra ideia para o encontro de hoje é dar visibilidade ao trabalho feito pelos católicos nesta área. Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, repete as preocupações pela integração no mercado de trabalho. E afirma que irá falar da necessidade de ir mais além: "Motivar as comunidades cristãs para a integração das minorias, não esquecer os africanos e os brasileiros que há décadas nos procuram, pensar em metodologias de catequese adequadas para os imigrantes e os seus filhos, integrar representantes dos imigrantes" nas estruturas de decisão das paróquias, e avançar para o nível do acolhimento e do "encontro com culturas diferentes".

Fonte Público

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