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Ser Voluntário Está na Moda 2001-07-18 13:43:45 Apesar do número crescente de pessoas que procuram o voluntariado, a maior parte delas não está preparada para as exigências deste tipo de trabalho.
Nos últimos anos tem havido uma evolução no tipo de voluntários que procuram instituições que levam a cabo projectos de média e longa duração em África. De um quadro composto maioritariamente por raparigas estudantes universitárias das áreas de ciências humanas, passou a haver uma maior procura por parte de pessoas licenciadas, com um ou dois anos de experiência profissional.
Para Mónica Azevedo, coordenadora dos projectos de voluntariado no Instituto de Solidariedade e Cooperação Universitária (ISU), esta tendência prende-se com o facto da realização profissional não chegar para a satisfação pessoal.
Por outro lado, a crescente procura destes projectos faz parte daquilo a que Mónica Azevedo chama de "fenómeno de moda". "A parte positiva deste "boom" prende-se com uma maior consciência das desigualdades sociais por parte dos jovens, o que os leva a que sentir que devem ter um papel participativo na mudança da sociedade. O aspecto negativo é o trabalho inconsequente que daí pode resultar", explica.
Vocacionado para o voluntariado jovem, o ISU tem desenvolvido projectos de dois meses na Guiné Bissau e em Cabo Verde nos últimos três anos. É importante realçar que apesar de ser um trabalho desenvolvido por voluntários, "é um trabalho técnico e sério que vai muito além da acção social", garantiu esta socióloga e voluntária há muitos anos.
Segundo a coordenadora destes projectos, as motivações dos jovens que procuram o ISU prendem-se com a ocupação dos tempos livres ou com o facto de procurarem uma experiência diferente. Outros ainda, estando a atravessar um momento de crise na sua vida, canalizam as suas forças para o trabalho social, para se sentirem úteis.
No entanto, "tudo depende do percurso do voluntário", acrescenta. "Para aqueles que têm já alguma experiência, o voluntariado em África faz parte de uma dimensão de intervenção e de cidadania a que não podem continuar alheios", reforça.
Na conjunto, "é importante enquadrar o voluntário na organização que o envia, na realidade onde se vai inserir, no trabalho que vai fazer e com as pessoas com que vai", resume Mónica Azevedo.
"Não há projectos para pessoas, mas pessoas para projectos"
Assumindo as limitações de dois meses, a filosofia do ISU é integrar estes projectos pontuais, num projecto maior, do parceiro local e que funciona quando os vountários terminam o seu trabalho.
Esta é também uma das principais preocupações da associação Sol Sem Fronteiras (SOL-SEF), uma associação juvenil que nos últimos 12 anos já enviou cerca de 200 jovens voluntários para os Palop. A motivação destes jovens, segundo Manuel Bento, presidente desta associação, é o apoio aos mais carenciados, "mas a maior parte não está preparado para uma experiência deste género", garante Manuel Bento. E explica: "não basta ter boa vontade, que os voluntários têm de se preparar em conteúdos específicos e normalmente nós preparamo-los para o pior".
A vocação dos projectos da SOL-SEF é aquilo a que Manuel Bento chama de inculturação. E cita um exemplo: em 1998, na Guiné Bissau, os voluntários estavam a dar formação a professores locais da parte da manhã e à tarde recebiam aulas de crioulo dadas por um professor local. "É uma mais valia de parte a parte", reforça este antigo voluntário.
Apesar de trabalhar em parceria com a Igreja Missionária, a filosofia da SOL-SEF é laica. O que acontece é que as intituições religiosas são normalmente as que funcionam melhor nos países em vias de desenvolvimento - vivem perto das populações e sabem identificar as suas reais necessidades.
A SOL-SEF actua sobretudo na área da educação, embora haja lugar para outras áreas que vão aparecendo, como a saúde, por exemplo. Segundo explica Manuel Bento, "não há projectos para pessoas, mas pessoas para projectos". A duração de cada um varie consoante a necessidade e aquilo que é pedido. No caso de um professor, tem de permanecer no país durante um ano lectivo, mas no caso de um levantamento demográfico, por exemplo, pode estar apenas três meses.
Fonte Público
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