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Bento XVI lembra «discípulas» de Jesus
2007-02-15 22:42:20

Bento XVI conclui esta manhã um ciclo de catequeses dedicado aos Apóstolos e a várias figuras do Cristianismo primitivo, destacando hoje o contributo das mulheres na difusão do Evangelho.

O Papa lembrou que Jesus escolheu "12 homens, como pais do novo Israel", mas para além destas "colunas da Igrejas", foram também escolhidas, entre os discípulos, "muitas mulheres".

Desde a profetisa Ana até à Samaritana, passando por várias figuras sem nome, como a hemorroísa ou a mulher siro-fenícia, muitas foram as mulheres citadas pelo Evangelho.

Bento XVI destacou, entre elas, as que tiveram um papel "activo" na vida de Jesus, a começar por Maria, sua mãe. Com funções de "responsabilidade" seguiram Jesus mulheres como Maria Madalena, Susana, Joana, que o serviam com os seus bens.

"As mulheres, ao contrário dos 12, não abandonaram Jesus na hora da Paixão", disse o Papa, destacando que Maria Madalena foi, não só testemunha da Paixão, mas "a primeira testemunha da ressurreição".

Citando Tomás de Aquino, Bento XVI falou de Maria de Magdala como "Apóstola dos Apóstolos".

Estas figuras aparecem de forma clara nos Evangelhos: a leitura de Lc 8, 2-3 revela, por exemplo, que aos 12 Apóstolos se tinham juntado “algumas mulheres, que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios; Joana, mulher de Cuza, administrador de Herodes; Susana e muitas outras, que os serviam com os seus bens”.

Quanto à presença feminina no âmbito da Igreja primitiva, esta foi "tudo menos secundária", frisou o Papa. Na audiência geral da semana passada, Bento XVI dedicou, por exemplo, a sua catequese à figura de Priscila, "colaboradora" de São Paulo.

"A história do Cristianismo teria tido um desenvolvimento bem diferente, se não fosse o generoso contributo de muitas mulheres", apontou.

"Como diz São Paulo, na Igreja todos têm a mesma dignidade, escravos ou livres, homem ou mulher, e também contribuem para o bem da comunidade. Temos muito a agradecer às mulheres pela sua valiosa contribuição na vida e na edificação da Igreja viva", concluiu.


Jesus e as mulheres

Esta temática esteve em destaque, no ano passado, durante a terceira sessão do seminário internacional “O «Jesus Histórico». Perspectivas sobre a investigação recente”, organizado pela UCP.

O Pe. Joaquim Carreira das Neves defendeu que Jesus teve discípulas, que o acompanharam ao longo da sua vida pública e assumiram um papel de serviço (diakonia) junto dele e dos 12.

Para Joaquim Carreira das Neves é evidente que “havia um número de mulheres que seguiam Jesus e o serviam, como outros discípulos homens”. Isso, contudo, não quer dizer que o fizessem “à maneira dos 12”, sendo, assim, discípulas e diaconisas (servidoras) em sentido lato.

Estas mulheres foram mais sensíveis, em determinadas situações, ao anúncio do Reino de Deus por Jesus Cristo. A sua fidelidade levou-as mesmo a procurar dar a Jesus um enterro condigno, o que as tornaria testemunhas da ressurreição (Lc 24, 10 refere-se a Maria de Magdala, Joana e Maria, mãe de Tiago, bem como a “outras mulheres que estavam com elas”) e personagens importantes nas primeiras comunidades cristãs.

Mais popular, nos últimos tempos, é a abordagem à figura das mulheres nos chamados “evangelhos gnósticos”, particularmente divulgados a partir do sucesso da obra “O Código da Vinci” de Dan Brown. Para Joaquim Carreira das Neves, estas são “histórias alternativas” que é preciso conhecer e compreender, para evitar “respostas hipotéticas de má-fé”.

Estes textos, lembrou, não anteriores aos Canónicos (c. 70-90) e demonstram a filosofia gnóstica, que defendia a androginia e desprezava a carne, para que pudesse ressurgir “a faulha divina” anterior à separação entre homem e mulher.

Fonte Ecclesia

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