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Novas procuras de Deus
2007-02-15 22:40:47

As “Novas procuras de Deus” são a temática que a Universidade Católica Portuguesa propõe para a XXVIII Semana de Estudos Teológicos. Até sexta feira, dia 16, painéis de reflexão sobre “Procura de Deus na experiência de si”, “A condição de peregrino: espiritualidade de longo curso” ou “Espiritual versus religioso” são temas diversos que pretendem ilustrar que a trajectória pessoal é marcada pela mobilidade, física e espiritual.

As grandes mudanças nas sociedade modernas condicionam novas formas de vida. Esta constatação tem estado presente nas reflexões que a Igreja tem realizado nos últimos anos. Disto dá conta o Padre Peter Stilwell, director da Faculdade de Teologia da UCP, e responsável pela Semana de Estudos Teológicos.

“A constatação de que a sociedade portuguesa está a mudar influencia por si a forma como as pessoas se relacionam na sua comunidade, a reflexão que fazem sobre a sua fé e os seus valores, até o sentido que dão à sua vida, levando a uma alteração nos trâmites que anteriormente seguiam”, regista o director da Faculdade de Teologia.


Esta mobilidade social leva a que as pessoas façam trajectos muito pessoais, que procurem referências em sítios diferentes, façam leituras diversas e encontrem diferentes características que em detrimento de outras e de outros lhes digam mais, levando-as a optar ou por uma homilia ou por um grupo litúrgico ou até por uma comunidade específica, por exemplo.


Diferentes leituras que são geridas internamente. “Nesta procura há elementos constantes e a nossa função enquanto Igreja deve ser no sentido de reforçar a sua atenção a alguns aspectos, na sua presença na sociedade”, aponta. Por isso nesta semana se pretenda “perceber alguns testemunhos marcantes do passado, ilustrativos dos trajectos que as pessoas foram fazendo à procura da fé, ou convertendo-se em etapas sucessivas”, sugere o Pe. Peter Stilwell.


O director da Faculdade de Teologia relembra o testemunho do Cardeal J. H. Newmam, que afirma ter passado por três conversões importantes na sua vida: “a primeira foi na sua conversão cristã, a segunda foi ao tornar-se um anglicano e finalmente a sua adesão à Igreja católica” e relembra uma frase ilustrativa do seu percurso: “viver é mudar, e ser perfeito é ter mudado muitas vezes”.


Pessoas e percursos

Ao longo desta semana vários painéis ilustram diferentes formas de procurar Deus. “Porque não temos a ilusão que as pessoas não passam por provas em todo o percurso da sua vida”, sublinha o responsável pela semana de estudos teológicos.

“Interessa perceber como as pessoas fazem o seu percurso continuamente, através de experiências diferentes”, passando por equipas de casais, experimentando peregrinações a pé, ou reflexão num grupo bíblico.

O Pe Peter Stilwell rejeita que esta procura possa parecer puro “mercantilismo”, sublinhando antes que “esta multiplicidade de respostas representa um crescimento humano e cristão, uma procura constante que se coaduna perfeitamente com a experiência do dia a dia em que se mudam de hábitos, de emprego, de casa”, exemplifica.

Tal como acontecem as mudanças que no dia a dia trazem as pessoas preocupadas tentando adaptar-se a uma sociedade muito móvel, “ao nível espiritual passa-se o mesmo, correspondendo a um dinamismo espiritual”, aponta. Ao procurar o trajecto dos alguns místicos, como Teresa de Ávila ou Santo António, “vemos que quando eles iniciaram o seu percurso espiritual nunca imaginavam que iam passar por diferentes experiências religiosas, todas elas marcadas por características diversas”. E aponta que é preciso ter “consciência de que quem se mete neste caminho de procurar Deus ou de se deixar guiar pela acção de Deus na sua vida, nunca ficará na mesma”.

O responsável pela semana reconhece que cinco dias são insuficientes para fazer um trabalho sistemático. Há um trabalho subjacente de investigação teológica, através da análise da história de vida das pessoas, uma análise a partir de estatísticas. Mas a semana pretende demonstrar que “se pode olhar para um ser cristão numa sociedade hoje, de uma forma multifacetada sem que isto signifique nem relativismo nem um pluralismo sem sentido”, antes uma pluralidade na forma de se relacionar com Deus, “que vai mudando à medida que a nossa vida se desenvolve”, sublinha o director da faculdade de Teologia.


Novas linguagens

Na procura de adequação às diferentes linguagens e constantes mudanças, a Faculdade de Teologia “vai respondendo àquilo que são os seus alunos, que na teologia são cada vez mais diversificados”, aponta, quer nas suas proveniências, não só em termos sociais em Portugal, como também ao nível internacional. O Pe. Peter Stilwell regista actualmente 29 nacionalidades diferentes na Faculdade em Lisboa.

Há também um novo desafio lançado recentemente pelo Instituto Inter-Universitário de Macau que, estimulado pelo governo chinês acabou por promover o curso de Estudos Cristãos. “Na prática é uma extensão da Faculdade de Teologia, mas representa um grande estímulo para esta faculdade que colocada na ponta da Europa é desafiada a retomar os caminhos dos antepassados que fizeram de Macau um dos grandes lugares de irradiação do cristianismo no Oriente”, afirma.

Este é o primeiro curso superior de teologia com reconhecimento pelo Estado chinês e reconhecido também pela Igreja.

Fonte Ecclesia

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