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Fátima - Assembleia Plenária da Conferência Episcopal 2006-11-14 22:35:01 Os bispos portugueses radicalizaram ontem o discurso contra o aborto e desafiaram o poder político a tomar medidas efectivas para combater o desemprego e a precariedade laboral, que atinge cada vez mais famílias em Portugal.
“Se o mercado de trabalho está em fase de desindustrialização e requalificação, os responsáveis industriais e políticos não devem esquecer as inerentes responsabilidades humanas e sociais” para com as vítimas destes processos, afirmou D. Jorge Ortiga, no discurso de abertura da 163.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), em Fátima.
Segundo o presidente da CEP, a situação económico-social do País assumiu índices “inquietantes” e o desemprego tornou-se “causa de situações indignas que muitos teimam em ignorar”.
Perante este cenário, os bispos convidam os responsáveis políticos a reflectir sobre os efeitos reais de uma economia que “contraria as aspirações mais profundas das pessoas e sacrifica os seus legítimos direitos na mesa do lucro e da competitividade a qualquer preço”.
Como a transmissão da fé exige da Igreja “tomadas de posição publicamente audíveis”, D. Jorge Ortiga deixou também uma mensagem clara de apoio aos movimentos contra o aborto. E voltou a tecer duras críticas em relação ao poder político, numa altura em que começam a aparecer as primeiras posições oficiais relativas ao referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez.
“Não se pode reconhecer ao poder constituído, na sua vertente legislativa, competência para liberalizar ou descriminalizar o que, por sua natureza, é crime”, afirmou o arcebispo primaz de Braga.
De acordo com o presidente da CEP, o embrião não é um “apêndice” da mãe, mas antes uma realidade humana autónoma e, como tal, inviolável.
A Igreja reconhece os dramas psicológicos, sociais e económicos que se apresentam como “indicações” para o aborto, mas considera-os reveladores das carências estruturais.
Assim sendo, “tais dramas devem constituir ‘indicações’ para a solidariedade real e efectiva do poder político e da sociedade civil”, que levem à criação das condições necessárias “para que a nova vida seja acolhida e se possa desenvolver”, esclareceu D. Jorge Ortiga. Os bispos estão reunidos na Cova da Iria, até quinta-feira, prevendo-se a divulgação, entre outros, de um documento sobre procriação medicamente assistida.
Francisco Pedro, Leiria
Fonte CM
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