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Bispos franceses manifestam-se contra regresso da missa em latim
2006-11-07 23:36:08

Cresce a contestação, em França, à hipótese de se poder voltar a celebrar a missa também em latim, regressando ao missal tridentino, anterior ao Concílio Vaticano II (1962-65).

Bispos e padres assumiram a contestação a uma medida que está em preparação no Vaticano, destinada a acolher no recém-criado Instituto do Bom Pastor (IBP) os padres que deixaram a movimento integrista da Fraternidade Sacerdotal S. Pio X para voltarem à comunhão plena com o Papa.
As declarações e tomadas de posição têm-se sucedido desde há pouco mais de um mês, quando o Vaticano criou o IBP. A decisão implicou o estudo da concessão de autorização aos padres e católicos interessados para celebrarem a missa segundo o rito tridentino (o padre reza em latim, voltado de costas para as pessoas). As línguas vernáculas continuariam a ser, entretanto, o modo geral de celebração da missa.
Nos últimos 15 dias, vários bispos franceses queixaram-se do facto de o Vaticano não os ter ainda ouvido acerca do assunto - a Fraternidade Pio X tem uma grande implantação em França e na Suíça. Na semana que findou, o La Croix noticiava que os seis bispos de toda a região eclesiástica da Normandia (norte) também se opõem a tal mudança. Os bispos enviaram uma carta a todos os padres das dioceses de Rouen, Sées, Le Havre, Évreux, Bayeux-Lisieux e Avranches. Nela, enaltecem a importância das reformas litúrgicas do Concílio Vaticano II, alertando para os riscos de divisão na Igreja.
"Os caminhos de diálogo e reconciliação recentemente abertos" levantam interrogações, dizem os bispos no documento. E, apesar da crise que se seguiu ao Concílio, muitos padres permaneceram fiéis ao seu ministério, enquanto outros aproveitaram "alguns erros ou faltas de habilidade" para "recusar o Concílio".

O ecumenismo é
"uma confusão total"
Primeira posição colectiva de bispos, esta carta segue-se a um texto assinado por 30 padres "nascidos depois do Vaticano II" - ou seja, com menos de 40 anos - e oriundos de 15 dioceses diferentes.
Na semana passada, uma carta colectiva foi enviada aos respectivos bispos, chamando a atenção para o "risco" que pode significar a decisão "simbólica de propor o regresso a um rito antigo", que ameaça "a unidade dos jovens padres" de sensibilidades "muito diferentes".
Há duas semanas, o arcebispo de Toulouse, Robert Le Gall, responsável do episcopado para a liturgia, desabafava perante um grupo de jornalistas: "Os senhores sabem tanto como eu sobre o assunto..." Mas o bispo Le Gall não resistiu a comentar a possibilidade do regresso do missal tridentino: "Isto pode criar graves dificuldades, especialmente para aqueles que permaneceram leais ao Vaticano II."
Em fundo, está a ruptura consumada pelo arcebispo Marcel Lefèbvre, quando ordenou quatro bispos à revelia do Vaticano para a sua Fraternidade Pio X. Lefèbvre contestava o fim da missa em latim, o diálogo ecuménico e a aproximação inter-religiosa, assumidos nos documentos do Vaticano II.
O ecumenismo é "uma confusão total", mantém o padre Daniel Maret, único membro da Fraternidade presente em Portugal. Maret celebra missa para cerca de 100 pessoas em Lisboa, Fátima e Monforte.
Para este padre, também "não está bem" que a Igreja Católica não se assuma como a única fé verdadeira e admita que "cada um possa escolher a sua religião": "Há uma verdade na matemática, na geografia, por isso é ir contra a inteligência de reconhecer Deus admitir que cada um pode escolher a sua religião."
Por isso o padre Maret diz que "é um passo" o facto de o Vaticano estar a estudar o regresso do missal tridentino. "Mas vamos ver o que significa, ver se há bispos capazes de reconhecer o valor da tradição."

Fonte Público

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