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Governo quer articular cooperação externa com Igreja Católica
2006-10-12 22:01:31

O secretário de Estado da Cooperação, João Gomes Cravinho, assumiu ontem em Fátima que irá propor "muito rapidamente" à Igreja Católica a institucionalização de contactos regulares com as estruturas de cooperação e desenvolvimento ligadas à Igreja, cuja rede "não tem paralelo".

Cravinho disse que essa rede é fundamental e que é "essencial" aproveitar o seu trabalho, de modo a colocar o Estado e a Igreja a colaborar na promoção do desenvolvimento de outros países mais pobres - nomeadamente, nos países de língua portuguesa.
Num seminário paralelo à reunião das Conferências Episcopais lusófonas, que amanhã termina em Fátima, o secretário de Estado valorizou também o trabalho dos missionários no desenvolvimento de outros povos ou da promoção da língua portuguesa, por exemplo. Mas esse reconhecimento, afirmou, não pode significar dar aos missionários cristãos portugueses o estatuto de cooperantes. Até pelos recursos "escassos" que existem em Portugal, justificou.
Gomes Cravinho reconheceu o "papel histórico" e contemporâneo dos missionários em acções como a difusão da língua portuguesa ou a promoção cultural. As igrejas "são actores incontornáveis da ajuda ao desenvolvimento", afirmou. "O trabalho feito pelas igrejas e pelos missionários em prol da língua portuguesa é, muitas vezes, um trabalho em prol do desenvolvimento." Mas o país "tem recursos limitados e têm que se fazer escolhas e identificar critérios, apoiando projectos que contribuam para objectivos específicos".
O papel concreto dos missionários "dificilmente se enquadra nesta descrição", afirmou o governante. Mas se houver propostas de missionários "enquadradas em projectos de cooperação, fazzem todo o sentido".
Trabalhar com as instituições ligadas à Igreja (na Plataforma das Organizações Não-Governamentais são mais de metade as instituições católicas, disse o seu presidente, Rui Portugal) é um dos aspectos que deverão ficar contemplados no novo estatuto do cooperante. Outra novidade é a abertura da possibilidade de os funcionários públicos poderem trabalhar em projectos de cooperação para o desenvolvimento.
Perante os presidentes dos episcopados de Portugal, Brasil, Angola e Moçambique, e os bispos da Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé, Macau e Timor, e ainda alguns responsáveis de estruturas de cooperação, Cravinho enalteceu a "perspectiva humanista com que as igrejas lusófonas se posicionam perante o desenvolvimento".
O arcebispo de Braga e presidente do episcopado português, D. Jorge Ortiga, destacou áreas como a formação, a rádio, o apoio social, a educação ou a saúde como campos prioritários de actuação para a cooperação entre as igrejas lusófonas - que, nesta sétima edição e após dez anos de encontros, pela primeira vez estiveram todas representadas em Fátima.

António Marujo

Fonte Público

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