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Diocese de Beja inaugura mais um núcleo da sua rede museológica
2006-10-10 22:48:22

Projectado há quase 50 anos, o novo museu reúne importantes colecções de arqueologia, história e arte, desde setas utilizadas na caça no Neolítico até um escapulário do rito maçónico francês. Carlos Dias

A Diocese de Beja vai abrir hoje ao público o Museu do Seminário, decorridos quase 50 anos após o arranque do projecto. José António Falcão, director do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja (DPHADB) define o novo núcleo, o sexto da rede museológica da diocese, distribuída por vários concelhos do Baixo Alentejo, como "uma longa viagem no tempo". Nele se aliam a arqueologia, a história e a arte para tentar explicar como se processou a implantação e a difusão do fenómeno religioso no Baixo Alentejo.
Os visitantes do novo pólo museológico, entre muitas outras peças, têm ao seu dispor testemunhos do Neolítico, armas cerimoniais de bronze e de ferro, fragmentos de um templo imperial romano, moedas califais, marcos de delimitação das propriedades das ordens militares e fotografias das últimas freiras dos conventos de Beja. Entre as curiosidades existentes no espólio agora disponível avulta uma insígnia maçónica esquecida entre paramentos religiosos.
Um dos primeiros museus do país surgiu na capital baixo-alentejana, pouco depois da refundação da diocese, em 1770, por iniciativa de Frei Manuel do Cenáculo, revela José António Falcão. Naquela época designava-se Museu Pacense e tinha a sua sede numa velha igreja dedicada ao padroeiro da cidade, S. Sisenando. Detinha na sua posse colecções muito vastas, que iam desde as conchas e os artefactos de povos exóticos até à pintura dos grandes mestres europeus do Renascimento e do Barroco e seguia um programa sistemático, enciclopédico e científico baseado nas ideias do Iluminismo, de que Cenáculo se tornara um dos divulgadores em Portugal, destaca o director do DPHADB.
Contudo, e após a morte das últimas freiras do Mosteiro da Conceição de Beja, no final do século XIX, uma boa parte do espólio foi levado para Lisboa ou vendido ao desbarato. Para evitar a dispersão dos tesouros dos conventos extintos, foi criado em 1892 o Museu Episcopal. A iniciativa permitiu salvar muitas peças em risco de desaparecimento. Mais tarde, em 1910, o edifício e o seu espólio acabariam por ser nacionalizados com o advento do regime republicano.
Os fundos do Museu Episcopal foram depois integrados, quase na totalidade, num museu público. Mas o interesse da Diocese de Beja pela salvaguarda da arte sacra prevaleceu. E assim, logo após a inauguração do novo seminário, em 1940, tomou corpo uma colecção, de carácter pedagógico, com o intuito de servir de complemento do ensino ministrado no Seminário de Beja.
Na década de 1990, este núcleo ganhou progressivamente autonomia, com a incorporação de mais colecções, cujas peças foram sendo dispostas ao longo do claustro da igreja do seminário, onde podiam ser apreciadas pelos visitantes. Mas a necessidade de garantir a sua conservação e segurança impôs uma solução mais adequada. Foi assim que, mais de 50 anos após ter sido pensado, se concretizou finalmente o projecto do Museu do Seminário de Beja.
A iniciativa, segundo José António Falcão, "resultou da conjugação dos esforços" da equipa responsável pela formação dos futuros padres com o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, que assegurou a sua orientação técnica e científica. A instalação do novo núcleo museológico teve o apoio da União Europeia, através do Programa Operacional da Cultura (Ministério da Cultura).

Carlos Dias

Fonte Público

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