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"O aborto não é um problema religioso"
2006-09-28 22:28:01

Não cabe à Igreja Católica fazer campanha activa contra o aborto pois este "não é um assunto religioso". A posição foi defendida ontem pelo patriarca de Lisboa que, num encontro com os jornalistas, esclareceu que a Igreja não vai fazer do tema uma questão eclesiástica.

"É uma questão de ética e direitos humanos fundamentais", afirmou D. José Policarpo numa conferência de imprensa ontem no Patriarcado de Lisboa. Por isso, "queria que fossem os leigos, os pais de família e os médicos a liderar a campanha do 'não'", acrescentou, quando questionado sobre o papel que a hierarquia religiosa vai assumir agora que se aproxima a votação na Assembleia da República de uma nova proposta de referendo para despenalizar o aborto.

Depois de ter feito campanha pelo 'não' no primeiro referendo em 1998, a Igreja parece agora querer assumir um papel mais discreto. É, contudo, de esperar que os seus membros, padres e leigos, abordem e defendam publicamente esta posição, nomeadamente os movimentos pró-vida que se manifestam sempre que o tema é colocado na agenda.

No entanto, ressalva o responsável pela comunidade católica, a doutrina da Igreja sobre esta matéria mantém-se inalterável, ou seja, completamente contra a despenalização do aborto e a favor da protecção da vida. Mas para o patriarca de Lisboa, neste assunto, a "Igreja Católica não é o outro lado da barricada. Infelizmente, o outro lado é o povo português", disse, referindo-se ao que pensa ser a falta de esclarecimento e de informação da população.

O patriarca de Lisboa considera que há posições que é preciso clarificar. Como a de que, disse o cardeal, o aborto é uma questão que diz respeito apenas aos católicos ou que se trata de um problema de direitos da mulher. Ou a dúvida científica de quando começa a vida humana.

O "drama do aborto clandestino" continua a preocupar a Igreja, afirmou D. José. "Mas não se pode resolver um problema criando outro".

A proposta para um novo referendo à despenalização da interrupção voluntária da gravidez será apresentada no Parlamento pelo PS a 19 de Outubro. A direita admite viabilizar a consulta popular, embora continue a posicionar-se contra a despenalização do aborto.

Já no seio da sociedade civil, esta semana foi conhecida uma iniciativa que propõe a "aplicação sistemática da suspensão provisória do processo penal relativo ao crime de aborto consentido em que é autora a mulher grávida". A proposta deriva de um movimento de cidadãos e visa "proteger a vida sem julgar a mulher" e está a criar algumas divisões entre os defensores da vida, já que nem todos concordam com esta opção.

Rita Carvalho

Fonte DN

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