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O outro Vaticano
2006-07-18 22:32:04

Bento XVI vai instalar-se, em Agosto, na residência pontifícia de Verão de Castel Gandolfo, a cerca de 25 quilómetros de Roma. Este palácio apostólico era carinhosamente designado como "Vaticano 2" por João Paulo II e é, curiosamente, maior do que o Estado da Cidade do Vaticano.

Castel Gandolfo, nas margens do lago Albano, é a escolha dos Papas para o período estival desde Urbano VIII (1623-1644), num castelo pertença da Santa Sé com direito de extraterritorialidade.

Os locais chamam à região onde está inserida a residência pontifícia os "castelos romanos", por causa das construções que as famílias da nobreza ali levantaram. Cada castelo tem o nome do senhor da fortaleza - no caso da residência pontifícia era a família Gandulfi, natural de Génova. Cerca de 1200, os Gandulfi construíram o seu pequeno castelo que, no século seguinte passou para a família Savelli, a qual manteve esta edificação até 1596.

Nesse ano, por causa de uma dívida que a família não conseguiu pagar ao Papa Clemente VIII (1592-1605), a propriedade passou para o Papa e, em 1640, declarada propriedade inalienável da Santa Sé. Urbano VIII (1623-1644), como se disse, decidiu transformar o Castelo na sua residência de Verão, adaptando e ampliando a velha fortaleza.
João Paulo II foi o primeiro Papa que passou vários períodos do ano em Castel Gandolfo e não apenas no final da Primavera e Verão. Costumava passar ali alguns dias a sós, principalmente após longas viagens apostólicas ou série prolongadas de audiências ou cerimónias litúrgicas.

As pessoas que ali trabalham durante todo o ano são cerca de 60, entre jardineiros, tratadores de árvores, agricultores, electricistas e pessoal da manutenção. Apenas 20 pessoas, contudo, residem na propriedade. Um heliporto foi inaugurado em 1963, durante uma visita de Paulo VI.

Localidade com história

Já antes do Papa, a antiga cidade de Albalonga era muito procurada e admirada - havendo uma tradição que diz ter sido fundada por descendentes de Eneias. A actual Castel Gandolfo chegou a ter controlo sobre 29 colónias, antes do advento da grande supremacia de Roma.
Nessa altura, devido a uma acusação de traição na guerra contra os Etruscos, foi decidida a sua destruição. O Imperador Domiciano decidiu construir uma nova e grandiosa vila, na margem ocidental do lago.

Num documento de 1030 fala-se de possessões, nesta localidade, dos monges de São Ciríaco de Roma. Uma bula de Bento IX, em 1037, concedia à Abadia de Grottaferrata uma terra colocada "intra civitatem Albanensem in loco qui vocatur supra Cucurutti". Neste documento era indicada uma igreja de São Miguel, o que permite identificar, sem margem para dúvidas, a localidade a que se referia Bento IX com a actual Castel Gandolfo.
Não se sabe nem quando, nem em que circunstâncias é que os Gandolfi tomaram posse destes territórios, mas o seu castelo existia já no século XII.

Após a sua passagem para as mãos dos Papas, o Castelo sofreu uma intervenção de fundo a cargo de Maffeo Barberini, que seria o Papa Urbano VIII, o qual confiou ao arquitecto Carlo Maderno um projecto de transformação do espaço.

Alexandre VII continuou a actividade de ampliação do Palácio pontifício e das muralhas exteriores. Neste período, Bernini projectou a igreja de São Tomás de Villanova e a praça em frente ao palácio.
Devido à sua importância como residência de Verão dos Papas, Castel Gandolfo está cheia de armas pontifícias ou inscrições, que assinalam os melhoramentos que cada Papa promoveu. Clemente XI e Clemente XIV, por exemplo, deixaram referência ao seu trabalho para facilitar os acessos à localidade e mostram a mudança de estilo que teve lugar no século XVIII.

Por esta altura, o núcleo habitacional aumentou consideravelmente, mas a partir das invasões francesas assistiu-se a uma lenta degradação, sobretudo nas propriedades da Santa Sé.
Em 1870, com o fim do Estado Pontifício, a residência foi abandonada e esquecida, mas a assinatura dos Pactos Lateranenses (1929) Castel Gandolfo voltou a ser residência estival dos Papas. No anexo referente aos imóveis, declara, como sendo do Estado da Cidade do Vaticano, não somente o território de 44 hectares onde estão a Basílica e a Praça de São Pedro, palácios, museus e jardins - mas, ainda, outras 12 construções em Roma e Castel Gandolfo.

Fonte Ecclesia

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