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Chineses falsificam santos católicos
2006-05-01 13:56:43

Na China também já se fazem imitações de imagens dos santos católicos. Os preços são imbatíveis, mas a falta de qualidade dos produtos chega a ser, em alguns casos, aterradora ao ponto de surgirem diferentes santos que apenas se distinguem pelo autocolante com o respectivo nome ou pintados com cores que nada têm a ver com a versão original.

O problema é que a falta de qualidade das imagens não se cinge às lojas. Há igrejas em Portugal onde se exibem nos altares figuras que constituem autênticas aberrações artísticas e religiosas. É que na representação dos santos tudo tem significado: as feições, as vestes e os acessórios .

“São bonecas, com algumas pequenas transformações – seja o cabelo, o manto ou o pormenor de terem o Menino ao colo – e eventualmente uma inscrição com o nome do santo. Mas o rosto é sempre o mesmo, seja de Nossa Senhora, do Menino Jesus ou de Santo António”, denuncia Hélio Henriques, gerente da Farportugal, que exporta 75 por cento da produção para o estrangeiro, incluindo terços para o Vaticano, Israel e Lourdes (França).

Um S. Bento vestido de branco (apesar de ser o fundador da Ordem Beneditina, que usa hábito preto) e uma Senhora do Sameiro com manto cor-de-rosa (em vez do azul da Imaculada Conceição) são alguns maus exemplos encontrados pelo cónego Eduardo Melo – presidente da Turel, uma cooperativa de promoção do turismo religioso no Norte de Portugal que está a promover um salão de arte sacra em Braga. “Temos que primar pelo rigor da arte religiosa”, desafia o cónego Melo.

Até os postos de venda nos santuários comercializam imitações feitas na China. A explicação é simples, segundo Joaquina Rodrigues, com loja no Bom Jesus de Braga, alertando para a diferença de preços: um santo português custa 20 euros; a imitação chinesa fica por cinco.

'DÁ VONTADE DE VARRER...'

Contra os exemplos de mau gosto, o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, apelou aos sacerdotes, aos fiéis e até aos produtores de artigos religiosos para apostarem na qualidade e valorização das imagens dos santos e outros produtos, enquanto manifestação e forma de comunicação do sagrado. “Às vezes, perante certas coisas que se vêem, apetecia pegar numa vassoura e deitar tudo fora”, desabafa o arcebispo.

PAGODES E LOJAS DOS 300

O Euro’2004 levou milhares de portugueses a comprar a bandeira nacional para colocar no carro ou nas janelas e varandas. Na altura, uma ‘bronca’ fez correr muita tinta: muitas das bandeiras portuguesas então vendidas eram fabricadas na China, e em vez de terem castelos no escudo, traziam pagodes chineses.

O material contrafeito ‘made in China’ atinge todo o tipo de produtos e marcas. Há um ano, dois comerciantes de origem asiática foram apanhados pela GNR. Guardavam em armazéns fitas porta–chaves com o logótipo do Benfica, Sporting e Adidas, baterias para telemóveis Nokia, Alcatel e Siemens, e apontadores laser. A mercadoria estava prestes a ser introduzida no mercado das ‘lojas dos 300’ – espaços comerciais que têm invadido todo o País.

O MAIS BARATO É QUE VENDE

A venda de imagens religiosas fabricadas na China já acontece em Fátima há vários anos. Comerciantes e clientes acabam por não resistir aos preços mais baixos do produto asiático, apesar da qualidade inferior que lhe reconhecem. As peças chinesas são mais leves, menos perfeitas e apresentam cores mais vivas do que as nacionais. “As caras das imagens são todas iguais, só muda a barba quando é homem”, diz António Santos, um dos vendedores instalados junto ao Santuário. O material de que são feitas as imagens chinesas é, em regra, menos valioso e resistente. Mas são poucos os clientes que rejeitam o produto não português. “As pessoas procuram o mais barato”, explica outra comerciante, Sónia Oliveira.

Mário Fernandes (Braga), com E.N.

Fonte CM

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