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Bento XVI diz que não pode cumprir missão "sozinho"
2006-04-20 21:43:58

O Papa Bento XVI afirmou ontem que não poderá exercer a sua função "sozinho". Foi durante a audiência-geral de quarta-feira, que desta vez coincidiu com o dia do primeiro aniversário da sua eleição para o cargo.

Perante as cerca de 50 mil pessoas que, de acordo com as agências, estariam na Praça de S. Pedro para o ouvir, o Papa Ratzinger afirmou: "Soube sempre que não podia cumprir este trabalho, esta missão, sozinho. Obrigado, de coração, a todos os que, de vários modos e desde longe, estão próximos de mim ou me acompanham espiritualmente com afecto e orações."
Bento XVI pediu ainda a cada um dos presentes que o continue a apoiar, "rezando a Deus para que [o] deixe ser um suave e firme pastor da sua Igreja". E acrescentou que recordava a "surpresa totalmente inesperada" de há um ano, quando os 115 cardeais que participavam no conclave elegeram a sua "pobre pessoa" para suceder a João Paulo II.
Na audiência, o Papa alemão condenou ainda "com grande firmeza" o atentado de segunda-feira em Telavive, que provocou nove mortos em plena semana da Páscoa judaica. Já no domingo, na sua mensagem pascal, Bento XVI apelara ao fim dos conflitos no Médio Oriente e no Iraque, pedindo também o entendimento na resolução da crise nuclear iraniana.
Durante o dia de ontem, várias mensagens chegaram ao Vaticano felicitando Ratzinger, que completou 79 anos no domingo, pelo primeiro aniversário da sua eleição como Papa. O número de peregrinos presentes nas audiências-gerais e aos domingos tem aumentado desde a morte de João Paulo II. De acordo com as estatísticas oficiais do Vaticano, divulgadas anteontem, 4.078.600 pessoas participaram em actos públicos de Bento XVI - o que ultrapassa as cifras do seu antecessor.
Muitos destes peregrinos aproveitam a visita a Roma também para ver o túmulo de João Paulo II - uma média de 12 mil a 15 mil pessoas por dia (chegando por vezes a 20 mil) desloca-se à cripta da Basílica de São Pedro com esse objectivo.
Apesar de interrompido, ontem, uma meia dúzia de vezes pelos aplausos da multidão que o escutava, nem todas as vozes alinham pelo mesmo coro de aclamação. O movimento internacional Nós Somos Igreja manifestou ontem a sua "desilusão" por este primeiro ano de pontificado.
Citado pela AFP, um comunicado deste grupo católico internacional lamentava "a ausência total de uma retoma da vontade reformadora do Concílio" Vaticano II. Ao mesmo tempo, criticava o novo momento "eurocêntrico" do papado, menos atento "aos problemas do Sul [do mundo], silencioso na denúncia explícita da guerra no Iraque e de tantos outros crimes a ela ligados".
Bento XVI foi eleito ao quarto escrutínio do conclave que se iniciara na véspera. Foi o mais idoso Papa no momento da escolha, nos últimos 275 anos - com 78 anos acabados de fazer - e o primeiro germânico em quase mil anos.
Neste primeiro ano, temas como a tarefa "prioritária" do diálogo ecuménico, o diálogo entre as religiões para promover a paz no mundo e a aplicação das orientações do Vaticano II (realizado entre 1962 e 65) são alguns dos que se destacaram nas intervenções do Papa Ratzinger.

António Marujo

Fonte Público

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