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Papa Bento XVI entroniza hoje 15 novos cardeais
2006-03-24 21:47:08 A partir de hoje, o Papa Bento XVI vai passar a contar com 15 novas vozes para o aconselharem sobre os rumos da Igreja.
No primeiro consistório do seu pontificado - doze meses depois de João Paulo II ter presidido ao último - o líder católico vai entronizar 15 cardeais que se juntam aos outros 193 membros do colégio cardinalício - uma espécie de senado no Vaticano que tem como missão servir de base às decisões do Sumo Pontífice.
Entre os novos purpurados, 12 terão ainda uma função acrescida: como têm idades inferiores a 80 anos, podem participar num eventual conclave para a eleição de um novo Papa. A lista - que foi divulgada a 22 de Fevereiro - integra nomes como o William Joseph Levada, que sucedeu ao próprio Papa à frente da Congregação para a Doutrina da Fé (ex- -Santo Ofício), para a qual trabalha desde 1976.
Levada nasceu na Califórnia há 69 anos e é o norte-americano a ocupar a posição mais elevada na hierarquia da Igreja Católica. O seu pensamento segue a linha do Vaticano, e há dois anos, foi alvo de críticas da comunidade gay e lésbica por se afirmar contra o casamento homossexual, que caracterizou como "uma interpretação deturpada" desta união.
O secretário privado de João Paulo II, o polaco Stanislaw Dziwisz, é outro dos cardeais que será entronizado. Bento XVI privilegiou nas suas escolhas o continente asiático, de onde provêm três cardeais (o bispo de Hong-Kong e os arcebispos de Manila e de Seul).
Joseph Zen Ze-Kiun, bispo de Hong-Kong, é uma das escolhas que se destacam, principalmente pelas dificuldades que têm existido nas relações entre o Vaticano e a China. Nasceu em 1932 e mudou-se para Hong-Kong depois de a sua cidade ser destruída por bombardeamentos comunistas. Esteve impedido de entrar na China durante seis anos, por defender a liberdade religiosa e a decisão do Vaticano de canonizar mártires daquele país. Desde 2002, altura em que assumiu o bispado de Hong-Kong, já protagonizou várias posições contra leis de Pequim, que considerava violarem os direitos civis e religiosos dos chineses.
Os especialistas em assuntos do Vaticano consideram que o Papa nomeou arcebispos muito próximos dele, privilegiando as pessoas e não os cargos que ocupam. Mesmo assim, entre os escolhidos, os arcebispos espalhados pelo mundo estão em maior número do que os membros das estruturas do Vaticano.
A cerimónia de entronização de hoje tem um carácter solene. O consistório prolonga-se até sábado e é encerrado com uma missa na Praça de S. Pedro. Ontem, o Papa e os cardeais estiveram reunidos à porta fechada, num encontro "de reflexão e oração" sobre os desafios da Igreja. A relação com o Islão e uma eventual reconciliação com os católicos da Fraternidade Santo Pio X - com o levantamento condicional da excomunhão deste movimento conservador fundado pelo arcebispo Marcel Lefebvre em 1969 - foram alguns dos temas em análise.
Rute Araújo
Fonte DN
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