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Frio, pouca emoção e menos gente do que o esperado na despedida da Irmã Lúcia
2006-02-20 11:44:21

Um ano após a sua morte, a principal vidente de Fátima regressou ao local onde tudo começou. As pessoas acorreram à espera da urna vinda de Coimbra. "Nem que chova", prometiam alguns no meio da multidão - muito menos do que as aguardadas 250 mil pessoas. Choveu, como em 1917.

Trovoada, chuva, sol e mesmo um arco-íris. Tudo tal como em 13 de Maio de 1917 - quando a pequena Lúcia, 10 anos, e os seus primos Francisco, 8, e Jacinta Marto, 7, começaram por querer fugir a um céu ameaçador e acabaram a ver Nossa Senhora, de acordo com os seus relatos -, o dia de ontem em Fátima foi de intempérie. Quando a urna com o corpo da irmã Lúcia de Jesus foi retirada do carro funerário que a transportou desde Coimbra, granizo caiu sobre Fátima, batendo com força no próprio caixão.
"Agora, nem que chova", prometia um homem no meio da multidão, quando a urna chegou. Choveu. Meia hora antes, já um líder de grupo vinha, acelerado, explicando com as mãos: "Quem quiser ver, tem que ir mais para ali. Ela chega aqui e vai por acolá." Há mesmo quem dispute um lugar nos pilares que demarcam o passeio: "Sou pequenita, tenho que vir para cima", dizia uma senhora.
A partir do meio-dia, as pessoas concentram-se nas ruas por onde passaria o carro funerário: avenida D. José Alves Correia da Silva, rua João Paulo II, praceta São José. Quando a urna chega, às 13h50, os lenços que se agitam normalmente para o adeus usam-se agora para a saudação.
Nesses momentos, Ana Rodrigues deixa cair algumas lágrimas, por uma das nove netas que deixou em Guimarães e que está doente. Grave? "Vamos a ver." A fé de Ana espera que não se confirme o pior e ali ficou a lágrima sentida à espera que a intercessão da vidente de Fátima o evite.
Os testemunhos de várias pessoas coincidiam na vontade de ali estar, mesmo enfrentando condições adversas como as de ontem. Isaura e Adélio Miranda, que vieram de Arcos (Vila do Conde), trouxeram as filhas Daniela, 6 anos, e Vanessa, quatro meses. "Mesmo todos molhados, vale a pena estar aqui", afirmam, convictos. Admiram, na irmã Lúcia, "o que ela foi em vida: boa pessoa".
A multidão que acorreu a Fátima não chegou, nem de longe, aos 250 mil que a polícia e os responsáveis do santuário esperavam anteontem. Os avisos de que era necessário chegar cedo terão afugentado muitos. Tal como o frio, só ligeiramente quebrado quando a urna de Lúcia chegou de Coimbra. No resto do tempo, a emoção manteve-se ao nível das baixas temperaturas envolventes durante as três horas em que decorreram as cerimónias: oração do rosário, missa, tumulação e procissão do adeus.
A abertura do processo de beatificação da irmã Lúcia está na ordem do dia. Mas o ainda bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, afirmava, em declarações à Rádio Renascença: "Não vou precipitar-me, mas vou fazer tudo para que não haja retardamentos."
Falando à agência Ecclesia, o bispo de Leiria disse ainda que está em estudo a hipótese de nova trasladação: quando a Igreja da Santíssima Trindade estiver concluída, os restos mortais dos três pastorinhos poderão ser mudados para um lugar próprio, retirando-os do lugar de culto onde agora estão - a basílica de Fátima.

Fonte Público

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