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Presépio da Madre de Deus será remontado até ao Natal
2006-02-09 09:40:01

Passados quase dois séculos, o Presépio da Madre de Deus vai regressar ao seu local original. Será a primeira vez que o público poderá ver este conjunto da escultura barroca, feito por volta de 1700 por Dionísio e António Ferreira (pai e filho) para o Convento da Madre de Deus, em Lisboa, onde é agora o Museu Nacional do Azulejo.

O director do museu, Paulo Henriques, aponta uma porta na Capela de Santo António, situada depois do coro alto da igreja, para mostrar onde vai ser remontado e exposto o Presépio da Madre de Deus. "É muito emocionante", comenta, já dentro da Casa do Presépio, de onde o presépio saiu depois da extinção das ordens religiosas em 1830. Como o Convento da Madre de Deus tinha freiras de clausura, só agora vai ser possível ver esta obra de referência da escultura portuguesa, que esteve desmontada no Museu Nacional de Arte Antiga até 1985, altura em que regressou ao convento, onde foi estudado e restaurado em 2003. "Na sua totalidade, o presépio vai ser exposto agora pela primeira vez, passados 200 anos sobre a sua desmontagem. Foram só expostas peças avulsamente, em Portugal e no estrangeiro." Paulo Henriques espera que tudo esteja pronto na altura do Natal.

Nova cenografia
Para o presépio poder regressar ao espaço original, é preciso fazer uma nova cenografia para as cerca de 40 peças, uma vez que a original desapareceu. O projecto de remontagem será pago através do mecenato da Edifer, uma empresa de construção, num financiamento de 38.500 euros. Vera Pires Coelho, presidente do grupo Edifer, disse ontem que a empresa "sentia também como missão a preservação daquilo que é português".
A remontagem será feita pelo designer Ricardo Viegas em menos de metade do espaço original, uma vez que a sala foi alterada durante a XVII Exposição de Arte Ciência e Cultura. Hoje o espaço tem cerca de nove metros quadrados, mas Ricardo Viegas diz que tudo está ainda numa fase muito inicial para falar detalhadamente do projecto. Viegas, que tem colaborado no design de exposições do Museu Gulbenkian, tem a certeza que a cenografia não será naturalista, à imagem do século XVIII.
Peças em terracota
As 45 esculturas são feitas em terracota e pintadas a têmpera. As cores mostram uma paleta muito variada e na decoração foram também utilizadas folhas de ouro e de prata. Se a folha de ouro é frequente, diz a técnica de conservação e restauro Laura Romão, que trabalhou um ano no restauro do presépio, esta foi a primeira vez que viu a utilização de folha de prata, encontrada nas nuvens dos anjos.
Fez-se a limpeza das peças, a fixação das tintas e colaram-se alguns fragmentos. As peças "estavam estruturalmente em bom estado", mas a pintura, a policromia, é bastante frágil. "Eram 200 anos de pó, estavam muito sujas. Havia peças em que não se percebia as cores."
Laura Romão diz que é mais correcto descrever o que fez como trabalho conservativo: "Não se fez restauro, porque não se refizeram partes em falta. Como não sabíamos, não inventámos. Assumimos o que o tempo fez às peças."

Fonte Público

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