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Superior dos jesuítas anuncia retirada e convoca eleições
2006-02-06 21:42:21

Cargo é vitalício, mas titular pode tomar a iniciativa de se demitir. Há quase 20.000 jesuítas em todo o mundo.

O superior-geral dos jesuítas, Peter-Hans Kolvenbach, anunciou a intenção de renunciar ao cargo (que é vitalício), facto quase inédito na história da companhia. Ao mesmo tempo, convocou para Janeiro de 2008 a congregação geral que elegerá o seu sucessor e se debruçará sobre o futuro da Companhia de Jesus.
O cargo é vitalício, mas o prepósito-geral, como é designado, pode sair se ficar doente ou tomar a iniciativa de se demitir. A única vez que isso aconteceu foi em 1983. O então superior, padre Pedro Arrupe, estava doente, mas a saída foi também fruto de pressões, porque a sua liderança era considerada demasiado progressista por alguma hierarquia do Vaticano. Esse foi, aliás, um dos primeiros casos polémicos do pontificado de João Paulo II.
Numa carta publicada na semana passada, e dirigida a todos os jesuítas do mundo (há um ano eram 19.850, dos quais 14 mil padres e 900 noviços), Kolvenbach justifica a decisão considerando que se chegou a uma situação prevista nas constituições da Companhia de Jesus: há "coisas muito difíceis tocantes a todo o corpo da Companhia", "para mais serviço de Deus nosso Senhor", como escrevia o fundador, Inácio de Loiola. "É a situação que requer uma congregação geral", justifica agora Kolvenbach.
Esta assembleia máxima, que reuniu apenas 34 vezes na história da Companhia de Jesus, fundada em 1534, está agora marcada para se iniciar a 5 de Janeiro de 2008, em Roma. A decisão do superior dos jesuítas - conhecido como o "Papa negro", por usar uma sotaina preta, ao contrário da branca que o Papa veste - foi tomada, conforme o próprio explica na carta, "depois de ter obtido o consentimento" de Bento XVI e de ter escutado os pareceres dos representantes dos jesuítas.
Entre esses pareceres favoráveis para convocar a 35ª congregação geral estão o dos procuradores - uma espécie de delegados e representantes dos jesuítas de todo o mundo -, que se reuniram em 2003, e o dos superiores das províncias (nacionais ou locais) em que se divide a companhia.
Em 2008, o padre Peter-Hans Kolvenbach completa 80 anos. A congregação geral que se reúne daqui a dois anos terá, por isso, a tarefa de eleger o sucessor de Kolvenbach e resolver assuntos importantes da vida dos jesuítas. O ensino, a acção social (o Serviço Jesuíta aos Refugiados, por exemplo, criado pelo padre Arrupe), a teologia e o trabalho pastoral na Igreja são algumas das áreas de intervenção dos jesuítas.

António Marujo

Fonte Público

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