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Vaticano sai em defesa de Darwin
2006-01-23 11:53:17

A "concepção inteligente" do mundo - que coloca em causa a teoria de Darwin- não é ciência e, por isso, não deve ser ensinada nas escolas, a par do evolucionismo. O argumento, defendido por muitos cientistas, aparece agora onde menos se esperava no L'Osservatore Romano - o jornal oficial do Vaticano.

O artigo que promete relançar a polémica - instalada sobretudo nos EUA - foi publicado na terça-feira, no periódico de Roma. De acordo com o autor, o padre Fiorenzo Facchini, professor de antropologia da Universidade de Bolonha, Itália, o ensino desta "concepção inteligente", lado a lado com a teoria da evolução, pode gerar confusão.

Recorde-se que, segundo a teoria de Charles Darwin, as espécies evoluem através da selecção natural os seres mais capacitados passam as suas características à geração seguinte, cruzando-as com as do seu parceiro sexual.

Por sua vez, os defensores da "concepção inteligente" - uma corrente muito próxima do criacionismo - consideram que a vida na Terra é demasiado complexa para poder ser explicada nestes termos e, por isso, pressupõe necessariamente a existência de uma inteligência consciente, superior.

O que a Igreja Católica insiste, esclarece Fiorenzo Facchini, é que a emergência do ser humano supõe um acto de Deus e que a vertente espiritual do homem não pode ser vista como um mero produto do processo da evolução natural. Mas este "salto ontológico" não tem que colidir com a visão darwinista.

"O projecto divino da criação pode ser levado a cabo através de causas secundárias no curso natural dos acontecimentos, sem que seja necessário pensar em intervenções miraculosas que apontem numa ou noutra direcção", lê-se no artigo do L'Osservatore Romano. "Se o modelo de Darwin parecer inadequado, deve procurar-se outro, mas não é um método correcto entrar num ramo da ciência fingindo-se fazer ciência."

Ou seja, para o autor, a "concepção inteligente" "não pertence à ciência e não há qualquer justificação para que seja ensinada como teoria científica, a par da explicação darwinista".

O professor de biologia evolutiva vai ainda mais longe e lamenta que alguns "criacionistas americanos" tenham feito o debate regredir até ao "dogmatismo" do século XIX, socorrendo-se de argumentos que, diz, não são ciência mas antes mera ideologia. No artigo, Fiorenzo Facchini concorda mesmo com o juiz da Pensilvânia que, em Dezembro, considerou "inconstitucional" o ensino da concepção inteligente numa escola de Dover, em alternativa à teoria da evolução das espécies.

Embora o artigo não seja apresentado como sendo a posição oficial do Vaticano, a verdade é que o jornal, oficial, tende a reproduzir as visões da Igreja. Ou seja, nem todos os artigos representam a doutrina católica, mas também é pouco provável que se afastem profundamente da sua política.

Fonte DN

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