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Encíclica doutrinal e programática - Deus é Amor.
2006-01-18 21:53:20

Bento XVI anunciou hoje que a sua primeira encíclica, “Deus Caritas est” (Deus é Amor), será publicada no próximo dia 25 de Janeiro, colocando assim um ponto final à especulação crescente em volta desta publicação.

O interesse em volta do documento justifica-se, em primeiro lugar, pelo facto de uma carta encíclica ser “o grau máximo das cartas que o Papa envia”, como explica o Pe. Peter Stilwell, director da Faculdade de Teologia (FT) da UCP.
A palavra “encíclica” vem do grego e significa “circular”, carta que o Papa enviava às Igrejas em comunhão com Roma. Desde o Beato João XXIII, as cartas de carácter social incluem também, entre os seus destinatários, os homens e mulheres de boa vontade.
“A encíclica é uma carta com um âmbito universal, onde o Papa empenha a sua autoridade como sucessor de Pedro e primeiro responsável pela Igreja Católica”, precisa o Pe. Stilwell.
O caso da “Deus Caritas est” é ainda mais significativo pelo facto de ser a primeira do pontificado, sendo aguardada com uma expectativa ainda maior. “Ao longo do século XX foi-se tornando habitual que os Papas publiquem no início do seu pontificado uma carta encíclica em que dizem um pouco do que são os seus projectos e as suas perspectivas sobre o cargo que assumem; às vezes são de um carácter doutrinal, mas ultimamente tem sido regular que tenham uma parte programática”, aponta o director da FT.
Este responsável recorda os casos mais recentes de Paulo VI, com a encíclica “Ecclesiam Suam” e de João Paulo II, com a “Redemptor Hominis”. “Paulo VI elegeu como temática a questão do diálogo e explicita quem são os interlocutores desse diálogo, em termos de Igreja; João Paulo II começa por revelar o seu entendimento do mundo, como não há que ter medo, e enuncia uma série de tópicos que se mantiveram actuais até ao final do seu pontificado: temas que se tornaram de fronteira, como o diálogo inter-religioso, já eram enunciados nessa encíclica”, refere o Pe. Stilwell.
Relativamente ao que se pode esperar da encíclica de Bento XVI, o director da FT adianta que a carta deverá ter um carácter doutrinal, “na sequência de coisas que estavam a ser pensadas já no tempo de João Paulo II e, eventualmente, articuladas com a reflexão do Cardeal Ratzinger, que revelara estar a preparar um livro sobre Jesus Cristo”.
“Resta saber se, numa parte pós-doutrinal, digamos assim, serão retomados tópicos do seu primeiro discurso na Capela Sixtina, e enuncia prioridades para o pontificado”, acrescenta.

Dia simbólico
A data escolhida para a publicação da encíclica, 25 de Janeiro, da Conversão de São Paulo e último dia da semana de oração pela unidade dos cristãos, tem um simbolismo especial. A tradicional celebração na Basílica de São Paulo fora de muros conta, assim, com mais um momento histórico, após ter visto João XXIII anunciar o II Concílio do Vaticano e João Paulo II convocar o encontro de oração inter-religioso, em Assis.
“O encontro em São Paulo fora de muros realiza-se todos os anos, mesmo antes de a questão ecuménica ter o relevo que tem actualmente. O Papa preside à Cátedra de Pedro e de Paulo, pelo que as festas de São Paulo são importantes, esta em especial, dado que recebe os cumprimentos do Colégio Cardinalício e, normalmente, faz alguma comunicação”, relata o Pe. Peter Stilwell.
“Esta é uma oportunidade para falar dos desafios que se colocam à Igreja neste ano de 2006, pelo que o anúncio da encíclica pode significar que ela traz em si algo para além da parte doutrinal”, conclui.

Fonte Ecclesia

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