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Patriarca contra investigação em embriões excedentários, cuja existência "deve" evitar-se
2006-01-03 14:19:43

O cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, manifestou-se ontem contra a investigação - a qualquer preço - em embriões excedentários. Na Basílica dos Mártires, em Lisboa, na homilia da missa que assinalou o Dia Mundial da Paz, o cardeal referiu-se ao "exemplo preocupante" que a sociedade portuguesa oferece neste momento, com a preparação de legislação, "aliás necessária" sobre o tema.

"Nem todas as descobertas da ciência, aplicadas sem o rigor ético de defesa da dignidade da pessoa humana, são factores de paz", disse D. José, relacionando o dia mundial com o tema da investigação científica. O patriarca acrescentou que os excedentes de embriões - resultantes de tratamentos contra a infertilidade mas nunca implantados no útero - "devem e podem ser evitados" pelo progresso científico e técnico.
"A dignidade do embrião humano", ligada "à família e ao amor", "não permite que [ele] seja alvo, enquanto [ser] vivo, de qualquer investigação, por mais promissora que seja". Também "os direitos inalienáveis do nascituro, entre os quais sobressai o direito de ter uma família, com um pai e uma mãe, sobrepõe-se, do ponto de vista moral, ao entusiasmo de aplicar, ao sabor dos critérios individuais, todas as possibilidades que a ciência abriu"
As palavras do cardeal-patriarca referiam-se à legislação que está a ser discutida na Assembleia da República. Quatro projectos de lei sobre procriação medicamente assistida foram aprovados em Outubro e estão agora em discussão na especialidade. Apesar de praticada desde 1986, a procriação medicamente assistida nunca foi regulamentada em Portugal.
D. José Policarpo sublinhou, entretanto, a importância da ciência como busca da verdade. A perspectiva que ela gera, "chamada "mentalidade científica"", constitui uma componente importante "de uma cultura para a paz". Na procura da "verdade profunda da criação, das suas potencialidades e dinamismos", o verdadeiro "fundamento da dignidade da ciência", e na busca "do bem do homem e de toda a família humana", a ciência pode encontrar-se com a fé: entre ambas, "como caminhos diferentes de chegar à verdade, não pode haver antagonismos intransponíveis."
"O ponto de convergência destes dois caminhos de busca da verdade é a afirmação da dignidade do homem, do valor sagrado da vida, do respeito pelas diferenças, valorizando tudo o que pode construir a harmonia da paz", acrescentou o cardeal na homilia.
A busca da fé e da ciência pela verdade exige ainda "que os valores éticos, defensores da dignidade do homem, estejam presentes no próprio processo científico e, sobretudo, na sua aplicação prática à vida".
O cardeal concluiu dizendo que a verdade - tema da mensagem para o Dia Mundial da Paz - "fundamenta um quadro ético de valores, irredutíveis à verdade individual, absolutamente indispensáveis para a construção da paz". E que é "missão principal das religiões e culturas em diálogo" promover a "dignidade do homem, base indispensável para a paz".

A.M.

Fonte Público

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