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"A Coragem Ousada Deste Papa Deve Continuar"
2001-05-28 22:37:33

O cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, regressa a Portugal satisfeito com os trabalhos do Consistório extraordinário, convocado por João Paulo II, que terminaram na passada quinta-feira, em Roma.

"Foi importante sobretudo para conhecer as pessoas deste colégio de onde, mais mudança menos mudança, sairá o conclave para eleger o futuro Papa", explica numa entrevista conjunta ao PÚBLICO e à Rádio Vaticano.

Uma conversa onde D. José Policarpo se pronuncia ainda sobre as reformas da Igreja, as negociações da Concordata e o perfil do sucessor de João Paulo II. "A primeira coisa a que devemos estar abertos é à surpresa do Espírito", observa, a este propósito.

"Desejo que o próximo pontificado seja de continuidade profunda deste enorme dinamismo que a Igreja conheceu nos últimos cinquenta anos." Para o patriarca de Lisboa, este deve ser o ponto de partida para uma reflexão sobre o futuro da Igreja Católica e sobre o exercício do papado, pós-João Paulo II. Este Papa é "um crente à prova de bala que a todos evidencia a resistência de um santo", afirma o prelado, impressionado com o estado de saúde do Pontífice de Roma.

Apesar desta resistência, "se se chegar a uma situação em que o Papa já não possa tomar decisões, por si só, a Igreja tem de saber esperar": "Já não seria a primeira vez. Pio XII, por exemplo, esteve longamente em coma", recorda.

Embora "a continuidade nunca seja uma repetição", D. José Policarpo entende que "este pontificado nos está a mostrar que a ousadia é um caminho do Espírito" e que, por isso, importaria continuar a acreditar nesta estrada traçada pelo Papa polaco e "que pela lógica das análises acreditávamos não ser possível".

É nesta linha que o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa defende que os futuros pontificados deverão "continuar a arrombar portas" e prosseguir "a coragem ousada que o actual Papa está a mostrar neste pontificado". "O próximo Pontífice, se for forte, precisará menos da presença dos seus irmãos. Se for mais tímido e aparecer na pobreza da sua pessoa, terá de reforçar os seus apoios e exigir a companhia dos cristãos de todo o mundo".

Daí que o purpurado enfatize a importância de uma reforma nas estruturas da Igreja. "O sínodo dos bispos é hoje uma estrutura muito pesada." Era essencial que se operasse "uma transformação qualitativa do sínodo como órgão de colegialidade, a trabalhar ao ritmo dos acontecimentos".

A questão da colegialidade foi, justamente, outro dos pontos, inscritos na Carta Apostólica "Terzo Millenio Ineunte", que esteve em cima da mesa dos cardeais. D. José Policarpo reconhece o interesse de uma reflexão teológica sobre a questão, até porque "nos últimos trinta anos tem havido uma certa dificuldade em determinar este conceito de colegialidade".

Governo portou-se bem na Concordata
Sobre o processo de revisão da Concordata, actualmente em curso entre a Santa Sé e o Estado português, o clima é tranquilo. Mau-grado uma certa turbulência na opinião pública, "não há qualquer contencioso". "O Governo tem-se portado muito bem. O ambiente que se vive é no sentido de trabalhar depressa e em diálogo construtivo. Devo agradecer a lucidez do Governo", sustenta o patriarca, recordando que a Concordata "não se prende apenas com as relações entre Santa Sé e e Estado português, mas significa o reconhecimento da internacionalidade da Igreja Católica".

D. José Policarpo referiu-se ainda à discussão, em curso no interior da hierarquia católica, sobre a criação de novas dioceses em Portugal, na sequência da decisão de criar uma nova província eclesial. "A criação de novas dioceses deve fazer-se em nome do bem da Igreja", ressalva. "Normalmente, só se pensa na proximidade do bispo, mas isso, por si só, não basta", explica D. José Policarpo. "A criação de novas dioceses não será para breve, até porque a discussão ainda está muito verde", remata.

Fonte Público

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