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Católicos debatem cuidados paliativos como alternativa à eutanásia
2005-11-11 17:19:46

Os cuidados paliativos começam a ser uma "alternativa" à eutanásia, mesmo em países como a Holanda, e também em relação à "obstinação terapêutica". A ideia foi ontem defendida nos Jerónimos, em Lisboa, por Isabel Galriça Neto, médica de cuidados paliativos, no Congresso Internacional para a Nova Evangelização, que termina no domingo.

Na conferência plenária mais significativa das que até agora se produziram no congresso, a médica do Centro de Saúde de Odivelas defendeu que "os cuidados paliativos afirmam a vida, mas defendem que ela não tem que ser mantida obstinadamente a todo o custo e aceitam a morte como um processo natural, não a provocando ou atrasando".
Isabel Galriça Neto acrescentou que a investigação tem demonstrado que "as questões de perda de dignidade e sentido" são as mais invocadas na maior parte dos casos de quem pede eutanásia ou suicídio assistido. O papel dos cuidados paliativos é, então, o de "ajudar os indivíduos doentes a deixarem de ser vítimas para passar a ser pessoas com poder", de forma a encontrar a serenidade no momento da morte.
Trata-se de dar um sentido ao sofrimento e não de fazer do mesmo sofrimento uma condição "para encontrar um sentido na vida", disse. E acrescentou: "Se não removermos determinadas condições físicas de sofrimento, como os sintomas, dificilmente a pessoa doente se poderá centrar nos aspectos mais profundos da busca de sentido".
A médica e assistente na Faculdade de Medicina de Lisboa situou o aparecimento dos cuidados paliativos num tempo em que o aumento da longevidade coincidiu com a "emergência das doenças crónicas não transmissíveis". Esta situação levou a uma "negação da morte". Os cuidados paliativos pretendem "ressocializar a morte", já que não falar dela "não nos tornou e não nos torna mais felizes", disse, naquela que foi a intervenção mais calorosa e prolongadamente aplaudida pelos já quase dois mil participantes.

Faltam profissionais
qualificados
Para atingir esse objectivo, Isabel Galriça Neto nota que "faltam estruturas especificamente preparadas para tratar doentes crónicos e em fim de vida" e faltam igualmente "profissionais devidamente qualificados para essa tarefa específica". "É preciso fazer a diferença à cabeceira dos doentes", afirmou.
A existência dessas estruturas evitaria mesmo um "aumento significativo da despesa na saúde" associada ao tratamento de doentes crónicos em unidades e formas concebidas para dos agudos. A articulação com as famílias - a família (nomeadamente a mulher) desempenha o papel de cuidadora em mais de 70 por cento dos casos - é outro aspecto indispensável.
Hoje intensifica-se o programa deste congresso, que pretende debater novas formas de presença da Igreja nas grandes cidades. Às 10h00, nos Jerónimos, o teólogo francês Michel Quesnel promete trazer uma visão inovadora sobre a figura de Jesus e a ressurreição. Depois dos ateliers da tarde, começa o concerto Life4U (vida para ti), destinado aos jovens, no palco do Rossio (18h00). Às 21h00, na Sé, os poemas de Daniel Faria dialogarão com os de Teresa de Lisieux (um dos quais será lido pela escritora Maria Gabriela Llansol) e a música de Olivier Messiaen. À mesma hora, no Colégio do Sagrado Coração de Maria, a ópera rock Jesus Christ Superstar é encenada pelos alunos da escola.

António Marujo

Fonte Público

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