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Revitalizar a "vertente cristã" da alma de Lisboa
2005-11-07 16:04:10

Um congresso católico para pôr a Igreja "em diálogo" com a cidade e revitalizar a "vertente cristã" da alma de Lisboa. A sessão de Lisboa do Congresso Internacional para a Nova Evangelização (ICNE, da sigla em inglês), que hoje se inicia, pretende que "as comunidades cristãs se abram ainda mais à problemática das cidades e que estas dêem pela presença das comunidades cristãs", diz D. Manuel Clemente, bispo auxiliar de Lisboa e presidente da comissão organizadora do patriarcado.

O bispo Clemente afirma que, dos testemunhos que conhece, esse processo de diálogo entre as comunidades católicas e as cidades é já uma consequência positiva das sessões do ICNE em Viena (2003) e Paris (2004). E diz mesmo que a Igreja ou faz isso ou definha: "As comunidades cristãs existem para a evangelização; se elas perdem o dinamismo missionário e ficam portas adentro, sem essa dimensão do encontro, não têm futuro."
Na carta A Igreja na Cidade, publicada no início de Setembro deste ano, o cardeal-patriarca, D. José Policarpo, escreve que o cristianismo é um dos elementos definidores da alma de Lisboa, "que nem o terramoto soterrou". Recordando a cidade "longamente dominada por muçulmanos" e onde "sempre habitaram cristãos e judeus, numa experiência única de convivência e tolerância", o patriarca diz que esta deve continuar a ser "uma nota constitutiva da fisionomia cultural de Lisboa".
D. José acrescenta depois ser necessário contrariar a "fragmentação" e a incomunicabilidade que caracteriza tantas cidades, hoje em dia, através da "comunicação e interacção entre as pessoas, as famílias, os diversos grupos populacionais". Neste âmbito, aponta: "A Igreja, enquanto fenómeno de comunhão, tem de se assumir como proposta de solução para este problema. Só assim se revitalizará a vertente cristã da alma de Lisboa."
Comentando esta afirmação, Manuel Clemente diz que os cidadãos devem compreender "que podem contar" com os cristãos: "A Igreja existe para o serviço evangélico das pessoas e é nessa missão que nos resolvemos como cristãos." Por outras palavras, o patriarca disse em Paris, o ano passado, que "proclamar a fé não é antidemocrático". E tem insistido na ideia de que os não-cristãos não devem ter receio da Igreja aparecer na praça pública.
Iniciativa dos cardeais de Viena, Paris, Lisboa, Bruxelas e Budapeste, o congresso teve como marca importante, quer em Viena, quer em Paris, as acções de rua. Mesmo se estas tiveram características diferentes (ver depoimentos na página seguinte), em comum esteve o facto de grupos de católicos virem para a rua falar com transeuntes, cantar ou distribuir literatura. Mas as acções de rua "são apenas um convite", diz D. Manuel. "Muitas pessoas já nem sabem que existem igrejas, há uma timidez mútua entre cristãos e os outros cidadãos. Nós devemos perder a timidez e fazer a nossa proposta. Quem quer, aceita, quem não quer, não aceita."
Um congresso, então, contra a timidez.

ANTÓNIO MARUJO

Fonte Público

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