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Fez-se Céu na Terra
2005-11-05 00:17:17

Relato da passagem das reliquias de Santa Teresinha pela Diocese de Santarém

De 30 de Outubro a 1 de Novembro a Diocese de Santarém teve o privilégio de receber a visita das Relíquias de Santa Teresinha do Menino Jesus.
Dias únicos e abundantes de oração, espiritualidade e manifestações de fé, emoções e lágrimas.
“A visita das Relíquias de Santa Teresinha do Menino Jesus foi um momento extraordinário de graça vivido por grande número de fiéis. A adesão das pessoas ultrapassou as expectativas. Santa Teresinha tornou-se verdadeiramente missionária, com uma mensagem actual sobre a santidade alcançada através da prática do amor, ouvida por muita gente. Criou-se um clima admirável de escuta e de oração. A organização esteve muito bem.” Afirmou D. Manuel Pelino, Bispo da Diocese de Santarém.
O Sacerdote Carmelita Pe. Agostinho Leal encarregue de acompanhar as Relíquias e conduzi-las pelas Dioceses de Portugal, classificou o acolhimento que a Diocese de Santarém fez às relíquias de Santa Teresinha de extraordinário.
“De uma forma extraordinária. Não só pela multidão, mas também por aquilo que eu sinto que sai das pessoas. São extraordinários os seus gestos: as flores, os tapetes de pétalas, as colchas às janelas, as lágrimas. Mas mais extraordinário é o que leva as pessoas a receberem desta maneira uma Santa que tem o condão da ternura, da pequenez, da simplicidade e, que através da sua mensagem deixa-nos o testemunho da beleza da fé, da beleza do amor e o encanto de um Deus Misericordioso. Julgo que é este caminho da Infância Espiritual que continua a atrair tanta gente. Considero um fenómeno. Santa Teresinha é conhecida no mundo inteiro. Uma jovem que passou de sua casa em Lisieux para a clausura do Carmelo mas, que no entanto, criou uma onda universal de catequese e de oração que não se acaba.
Há coisas que as pessoas sentem no seu íntimo e que não se dizem em praça pública, dizem-se sim com as suas lágrimas e a sua prece. Assim se compreendem estes momentos de grande serenidade, lágrimas e emoção, mas também, de esperança que se têm vivido nesta Diocese. Respiram-se momentos de grande espiritualidade.
E permita-me esclarecer este aspecto: muita gente me pergunta o quê que vem lá dentro? É evidente que não é o corpo inteiro, são alguns ossos de Santa Teresinha. Mas não são os ossos que nos visitam, é sim a mensagem que ela viveu, a sua alma grande e generosa de amar a todos, e de uma forma particular, aos não crentes e aos pecadores.
Sentimos que estas pessoas realizam um encontro. Porque quando acontece um encontro há manifestação. A mão que toca, o beijo, a lágrima, o cântico. Há um encontro no mais íntimo de cada um que não se consegue manifestar por palavras. E, este mistério do amor que se respira na mensagem de Santa Teresinha entende-se não por palavras, mas por aquela linguagem que dispensa as palavras.
As relíquias deixam no ar o perfume, a beleza e o desejo de a conhecer melhor.”
Muitas lágrimas de emoção e de uma imensa alegria. Em cada momento da visita das Relíquias de Santa Teresinha do Menino Jesus elas estavam presentes. Dos testemunhos ouvidos aqui e ali, percebe-se que um “pedacinho de Céu desceu à Terra”, e um festival de oração e devoção inundou os corações dos fiéis.
Já anoitecia quando tão ansiada e especial visita chegava à Igreja de São Pedro em Torres Novas. À sua entrada nova luz iluminou o templo. De olhos pregados no Relicário a assembleia visivelmente emocionada saudou Santa Teresinha com uma estrondosa salva de palmas. Serenamente a oração e momentos de profunda espiritualidade tomaram conta do tempo que restava.
Santa Teresinha é conhecida por amar as rosas. E o povo bem o sabe. Recebeu por isso, desde o primeiro momento muitas rosas, umas caídas do céu, outras entregues em mão.
Um corredor que nunca mais acabava de devotos de Santa Teresinha do Menino Jesus ocupavam a nave central da Igreja até chegarem junto do Relicário. Aí chegados, as lágrimas rompiam novamente. Ajoelhavam-se, tocavam o Relicário ou beijavam-no com uma ternura imensa.
As Laudes foram rezadas antes da partida, com a presença do Sr. Bispo, D. Manuel Pelino.
Chegou a noite e com ela a hora da despedida. Rumo à Sé em Santarém. Aqui o acolhimento das Relíquias foi uma vez mais carregado de emoção. Adivinhava-se uma noite grande. Entenda-se grande não só pela persistência de muitos que não saíram de ao pé das Relíquias durante toda a noite e manhã, mas também pela grandiosidade dos momentos que se seguiram. As diversas zonas vicariais passaram pela Sé e ocuparam-se dos vários tempos de oração. De hora a hora chegava um autocarro cheio de pessoas. E pela noite dentro foram os diversos Grupos e Movimentos eclesiais que asseguraram um ambiente de profunda espiritualidade.
“Notou-se nestas pessoas que havia uma preparação prévia para este acontecimento e que as pessoas não estavam apegadas às Relíquias, mas sim à espiritualidade de Santa Teresinha. Defino aquela noite como uma noite de luz, de lágrimas, de esperança e de amor. Houve tempo para chorar, houve tempo para rezar, houve tempo para olhar para as virtudes daquela jovem, houve tempo para sentir o amor da Igreja, houve tempo para sentir a comunhão eclesial.” Sublinhou o Pe. Ricardo Mónica, Delegado da Visita das Relíquias à Diocese de Santarém.
A manhã foi de preparação para a celebração da Eucaristia, também esta vivida e participada de forma muito intensa e presidida pelo Sr. Bispo, D. Manuel Pelino.
Verdadeiro acto de fé revelou-se na hora da partida das Relíquias da Sé em direcção ao Mosteiro da Imaculada Conceição. Quando se punha em dúvida realizar ou não a procissão pelas ruas da cidade, uma vez que a chuva ameaçava cair abundantemente, uma voz despontou e disse: “a fé é maior que a água.” E foi-o no verdade.
Saiu a procissão. Numa atitude de despedida centenas de pessoas acompanhavam o Relicário e o andor que transportava a imagem de Santa Teresinha. A chuva que antes ameaçava caiu agora torrencialmente. Mas, mesmo assim, todos permaneceram firmes na caminhada de alguns quilómetros.
As poucas horas passadas no interior do Mosteiro das Irmãs Clarissas foram poucas para a multidão que aí uma vez mais se avolumou.
Esta visita ao Mosteiro da Imaculada Conceição significou para as Irmãs uma “alegria muito grande. Porque nós identificámo-nos com Santa Teresinha, uma vez que vivemos o mesmo Carisma de clausura e de vida contemplativa. Tal como ela também nós queremos viver só para Deus.” Afirmou ao Porta do Sol a Irmã Maria Emília.
A meio da tarde é chegada a hora da despedida de Santarém.
Novamente uma chuva fortíssima caía em Almeirim no momento da chegada das Relíquias de Santa Teresinha. “São bençãos do céu”, dizia alguém. Um tapete de pétalas de rosa estava preparado à passagem do Relicário. Da janela do coro da Igreja choviam mais pétalas.
Manifestações de amor para quem foi a Missionária do Amor.
Um ambiente de oração profundo e um silêncio comovedor circundavam o Relicário desta Doutora da Igreja. A fazer Guarda de Honra estava a Irmandade do Senhor dos Passos de Almeirim.
Porque o tempo escasseia, Almeirim despede-se com os olhos rasos de lágrimas pela saudade que já é sentida.
Já é noite quando a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima na cidade do Entroncamento recebe esta Visita tão especial.
É novamente saudada com palmas provindas de uma numerosa assembleia que não cabia na Igreja. Celebrada a Eucaristia, os fiéis acompanharam a procissão em direcção à Paróquia da Sagrada Família, onde a noite prometia ser, também esta, longa e cheia.
Os jovens transportavam o andor com a imagem de Santa Teresinha e as crianças rodeavam o carro que transportava as Relíquias, levando nas suas mãos flores de papel especialmente feitas para oferecer a Santa Teresinha. De salientar que todas as Igrejas que acolheram a Visita das Relíquias se encontravam ornamentadas com centenas de rosas.
À semelhança da noite anterior, a oração, a emoção, a fé e a devoção preencheram o tempo até ao amanhecer. Em simultâneo com os tempos de oração e adoração ao Jesus Sacramentado, um Sacerdote possibilitava que quem assim o desejasse, se abeirasse do Sacramento da Reconciliação.
A comunidade do Entroncamento organizou no espaço exterior à Igreja duas tendas onde durante a noite se podia dar um mimo ao estômago, com bolinhos e chá.
De manhã houve tempo para os idosos e as crianças se encontrarem com Santa Teresinha.
Curiosidades: gestos simples mas cheios de devoção. Derivado às sucessivas “chuvas de pétalas” que caíam sobre o Relicário, ficavam algumas retidas no cimo deste. Estas iam sendo retiradas pelas pessoas que as queriam levar para casa, começaram-se então a colocar propositadamente novas pétalas para que todos tivessem uma pétala para guardar.
Depressa se chegou a hora da despedida, e desta vez, a despedida da Diocese de Santarém.
D. Manuel Pelino presidiu à Eucaristia evocativa do Dia de Todos os Santos. A Igreja era pequena para tão numerosa multidão.
“A visita das Relíquias realiza o sonho que Santa Teresinha tinha de ser Missionária. Ela vem hoje até nós através das suas Relíquias e convida-nos a viver a santidade. A viver a esperança em Deus, mesmo nos momentos mais difíceis. Viveu num cantinho de França e no entanto, a sua fama propagou-se por todo o mundo. Viveu uma vida tão curta, e ao mesmo tempo, tão cheia. Procurou sempre o último lugar e, no entanto, foi proclamada Doutora da Igreja e Padroeira das Missões. Ensina-nos o caminho da humildade e do amor!” Afirmou o Bispo da Diocese de Santarém na homilia.
Partiu para a Diocese de Portalegre e Castelo Branco debaixo de nova chuva de pétalas lançadas por um helicóptero que sobrevoava o adro da Igreja da Sagrada Família.
Os escuteiros levantaram seus lenços e os fiéis acenaram com lenços brancos.
As lágrimas reapareceram e a saudade instalou-se. Era como se não a quiséssemos deixar partir. No ar ficou um rasto de perfume. O perfume da santidade e do amor. Testemunho de vida de alguém que um dia disse: “A minha vocação é o Amor”.

Célia Ramos



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