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BENTO XVI ELEITO HÁ MEIO ANO, MUITO AINDA POR SABER
2005-10-19 09:50:01

Joseph Ratzinger, 78 anos, foi eleito faz hoje seis meses como Papa. Bento XVI, o nome escolhido, anunciou a primeira ruptura com o pontificado anterior, mas até hoje pouco se sabe das reais intenções do novo líder da Igreja Católica.

Será este um pontificado de continuidade em relação a João Paulo II? Haverá passos efectivos no sentido do degelo ecuménico com protestantes e ortodoxos? Terá continuidade concreta e teológica a aproximação inter-religiosa que João Paulo II iniciou no plano do simbólico?
A primeira encíclica de Bento XVI poderá surgir em breve. É com esse documento que, normalmente, um novo Papa indica as prioridades do seu pontificado. O 40.º aniversário do fim do Concílio Vaticano II, que se assinala em Dezembro, pode ser um bom pretexto para que tal aconteça.
Se assim for, isso não será estranho, da parte de um homem que tem insistido na necessidade de concretizar a herança do Vaticano II. O Concílio convocado há 40 anos para reformar a Igreja Católica foi causa de muitos avanços desmesurados, dizem uns. Para outros, está ainda por concretizar.
O então cardeal Ratzinger foi fazendo uma leitura centrista e pessimista da realidade "É minha impressão que se vai perdendo, por toda a parte, tacitamente, o sentido autenticamente católico da realidade "Igreja", sem expressamente renegá-lo", dizia em Diálogos Sobre a Fé (ed. port. Verbo). Por isso seria necessário estugar o passo.
A dúvida é saber até que ponto o novo Papa continuará na senda de algumas ideias de Ratzinger. Ou se, pelo contrário, tentará desbloquear novelos enredados nas últimas duas décadas de catolicismo.
Há já alguns sinais incipientes. Bento XVI desvalorizou as santificações, demarcando-se claramente da opção do seu antecessor. O teólogo Ratzinger que nele vive prefere investir na palavra e menos nos gestos, disse o porta-voz do Vaticano em Agosto, na Alemanha. Mas, na entrevista de domingo passado à televisão polaca, Ratzinger afirmou que escreverá menos documentos que o seu antecessor, para que sejam "assimilados" os de João Paulo II, que são "um tesouro riquíssimo" e "a autêntica interpretação do [Concílio] Vaticano II".
Profissão de fé repetida desde a sua primeira homilia é a intenção de não ficar pelas palavras e fazer mais gestos concretos em prol do ecumenismo e do diálogo com protestantes e ortodoxos. A insistência com que o novo Papa se tem referido ao tema obriga-o a que, brevemente, ele apresente uma iniciativa: uma espécie de sínodo ou concílio com representantes das várias tradições cristãs?
O Papa já recebeu em audiência o líder dos integristas católicos que se separaram do Vaticano, bem como o teólogo Hans Küng, seu conterrâneo, um dos principais críticos de João Paulo II. A reconciliação das pontas desavindas do catolicismo está no seu horizonte? Mas como será possível dizer que integristas e Küng comungam a mesma fé?
Em pano de fundo estará a herança do concílio - cuja interpretação dá pano para mangas. E também muitas questões internas da Igreja, no sentido do maior centralismo ou da participação, bem como as questões éticas e morais - no campo individual e em questões sociais e políticas. A tarefa de Ratzinger não está fácil, o seu programa terá que ser vário e largo.


Fonte Público

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