 |
Notícias
|
|
|
Bento XVI diz que não produzirá tantos documentos novos como João Paulo II
2005-10-18 10:08:35 O Papa Bento XVI diz que considera uma missão "essencial e pessoal" não escrever "tantos documentos novos" como os que publicou o seu antecessor, João Paulo II. Numa entrevista à televisão estatal polaca (TVP) Ratzinger diz que a sua prioridade deverá ser "conseguir que os documentos [do anterior Papa] sejam assimilados, porque são um tesouro riquíssimo, são a autêntica interpretação do [Concílio] Vaticano II".
A entrevista - um acontecimento inédito, já que João Paulo II apenas apareceu em conferências de imprensa, nomeadamente a bordo dos aviões, nas viagens pastorais - foi gravada em Agosto em Castelgandolfo (a residência de Verão do Papa, nos arredores de Roma) e emitida a propósito do aniversário da eleição de Wojtyla como João Paulo II, em Outubro de 1978. O Papa polaco foi um homem do Concílio, recorda agora Raztinger, e os seus textos permitem compreender melhor o que foi esse acontecimento que, entre 1962 e 1965, procurou fazer a renovação da Igreja.
Convidado a eleger os pontos mais significativos na acção do seu antecessor, Bento XVI aponta o facto de João Paulo II ter criado uma sensibilidade para os "valores morais" e a "importância da religião no mundo". Outros dois contributos de João Paulo II foram a sua capacidade de "entusiasmar a juventude com Cristo" e " a sua contribuição para as grandes mudanças do mundo", em 1989, "com a queda do socialismo real" e o fim da maior parte dos regimes comunistas no Leste europeu.
Na relação da Igreja com o mundo, João Paulo II, "com os seus discursos, a sua pessoa, a sua presença, a sua capacidade de convencer, criou uma nova sensibilidade aos valores morais, à importância da religião no mundo", afirma o Papa Bento. "Isso fez com que se criasse uma nova abertura, uma nova sensibilidade para os problemas da religião, para a necessidade da dimensão religiosa do homem", acrescenta.
Esse papel de João Paulo II fez também com que se criasse "uma nova abertura, uma nova sensibilidade para os problemas da religião, para a necessidade da dimensão religiosa do homem". Sobretudo, assinala o novo Papa alemão, "cresceu - de forma inimaginável - a importância do bispo de Roma".
Para lá da Igreja Católica
Essa importância, na opinião de Bento XVI, atravessa mesmo as fronteiras da Igreja Católica: "Todos os cristãos reconheceram - não obstante as diferenças e o seu não reconhecimento do sucessor de Pedro - que ele é o porta-voz da cristandade. Ninguém mais que ele, a nível mundial, pode falar assim em nome da cristandade e dar voz e força, na actualidade do mundo, à realidade cristã."
Para os não cristãos e os membros de outras religiões, João Paulo II foi também o porta-voz "dos grandes valores da humanidade", na opinião do Papa Raztinger. Por isso conseguiu "criar um clima de diálogo entre as grandes religiões e um sentido de responsabilidade comum", afirmando ao mesmo tempo que "as violências e as religiões são incompatíveis".
Foi no seu papel para o interior da Igreja Católica que o antecessor de Bento XVI soube "entusiasmar a juventude com Cristo", uma novidade "se pensarmos na juventude de 68 e dos anos 70". "Que a juventude se tenha entusiasmado por Cristo e pela Igreja e também por valores difíceis só poderia consegui-lo uma personalidade com o carisma" de João Paulo II.
Na entrevista, feita pelo padre Andrzej Majewski, responsável dos programas católicos na TVP, Bento XVI evoca ainda os seus últimos encontros com João Paulo II: no Hospital Gemelli, no início de Fevereiro, o Papa "sofria visivelmente, mas estava totalmente lúcido e muito presente", seguindo "com grande atenção" tudo o que o então cardeal Joseph Ratzinger lhe dizia. No dia 1 de Abril, véspera da morte de João Paulo II, "estava obviamente mais dolorido". Rodeado de médicos e amigos, "já não podia falar muito" e, "apesar das dores visíveis, estava sereno, porque estava nas mãos do amor divino".
Bento XVI admite ainda, no final da entrevista, a possibilidade de visitar a Polónia em Junho do próximo ano.
António Marujo
Fonte Público
|
voltar
|
|
|
