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Ficheiros pessoais de padres revelam décadas de abusos sexuais na Califórnia
2005-10-12 12:04:40

A Diocese Católica de Los Angeles, na Califórnia, escondeu durante 75 anos inúmeros casos de abusos sexuais perpetrados pelos seus sacerdotes sobre jovens das suas paróquias, revela hoje a imprensa norte-americana.

Os ficheiros pessoais de 126 religiosos de Los Angeles, que ontem vieram a público, revelam que a hierarquia católica escondeu os casos e afastou alguns dos sacerdotes, tendo convencido os pais das vítimas a manter silêncio.

Os ficheiros pessoais, que remontam aos anos 1930, foram revelados em público por obrigação judicial. A sua divulgação faz parte de um acordo judicial estabelecido pelos advogados de 560 queixosos no âmbito de um processo cível sobre pedofilia e abuso sexual.

Nos últimos anos, a Igreja católica americana foi abalada por vários escândalos de abuso sexual, cometido por padres e ocultado pelos bispos e seus superiores na hierarquia católica. Dezenas de casos surgiram por todo o país, tendo um dos mais conhecidos sido passado em Boston, onde o cardeal Bernard Law foi afastado após anos de encobrimento de abusos sexuais.

A Diocese de Los Angeles é a maior dos EUA e abrange cerca de cinco milhões de católicos. A dimensão dos problemas de abuso sexual cometidos por padres na Califórnia só tem rival noutro caso mediatizado: o da diocese de Boston, onde mais de 500 sacerdotes foram acusados pela justiça de pedofilia. As vítimas obtiveram, depois de 60 anos de abusos, uma indemnização de 85 milhões de dólares.

Os documentos hoje vindos a público não são explícitos na descrição dos problemas que levaram ao afastamento de padres e sacerdotes para funções consultivas ou administrativas. Fala-se de problemas de "adequação moral" ou de acusações de "violação de limites", eufemismos usados para descrever a violação de jovens e crianças.

Os registos pessoais dos padres e religiosos mostram também que durante anos inúmeras queixas anónimas chegaram à diocese para denunciar a existência de abusos sexuais, mas todas foram ignoradas. Muitas crianças que conseguiram fazer as suas queixas ouvir-se foram simplesmente encaminhadas para serviços de aconselhamento ou então supervisionadas pelos pais, que foram convencidos pela chefia da diocese a manter o silêncio e a recorrer eles mesmos a aconselhamento especializado.

Contudo, estes ficheiros podem não revelar tudo. Raymond P. Boucher é o responsável máximo pelos advogados que estão a mover processos contra a Igreja e disse ao "New York Times", um dos vários diários que hoje faz manchete com os ficheiros, que as versões entregues à imprensa foram maquilhadas e que são uma manobra de relações públicas para preparar o início das sessões em tribunal dos primeiros casos.

"Infelizmente, estes ficheiros não contêm a história inteira da participação da Igreja na manipulação e movimentação destes padres", acusa Raymond P. Boucher. "Os ficheiros na íntegra mostrariam quão profundo e penetrante era este problema e como a Igreja pôs os seus interesses acima dos das crianças e de outros que foram molestados pelos padres. Esta é uma história mais ampla e mais profunda", avisou o advogado.

Fonte Público

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